Os vizinhos Vão Chamar a Polícia.

Não agüentam mais. Saíram de caminhão, pisando fundo.

Nisso penso: sou mal, mas não para tanto!

Não fui eu quem matou seu periquito! Eu juro!

Estava chapado mas me recordo dos fatos. Quando chapado nunca perco a consciência. Tenho a Carteirinha de Louco lavrada pelo Ministério da Insanidade Nacional!

Acusam-me sem provas. Quero meu advogado! Esqueço-me que sou um.

Santo de casa não faz milagre mesmo!

É a figura mais marcante da família.

Vocês vão sentir falta disso quando eu não estiver mais entre vós!

Estou calmo! Deixem-me em paz!

Tudo começou na sexta à noite. Todas as sextas. Não me continha, confesso, mas fiz tudo em prol da ARTE.

Quando ouviam o escarcéu que aprontava logo pensavam: lá vai o Savok aprontando mais uma das suas! Aí o bicho pegava!

E pensam mais, e pensam tudo: o Savok não deveria ter se casado, é um louco! Ave assim não pode ficar engaiolada; é um carniceiro!

O cara está intoxicado, dêem-lhe uma chance!, grita o policial Chaves.

Fico imaginando quando a velhice chegar, como vai se portar. Será que suportará as malditas músicas que ouve todos os dias, em volume máximo? Será que agüentará a si próprio, em seus “devaneios tolos”?

É importante terem medo dele.

Cristiano Covas, 01.03.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/09/2010
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