REI ARTHUR - EM BUSCA DO SANTO GRAAL



Categoria: Romance



Assim, e desse modo toda a índole percorria as corporações em que o homem sempre se manteve no desequilíbrio primitivo de suas conturbadas ações direcionado ao plantio imaginário do conhecimento superior. Adiantado progresso interino não era capaz de absorver a semente vivenciada nas primeiras divisões de um pequeno povo que se estendeu da Alemanha ao paraíso da Bretanha, afora os delineados limites de suas conquistas e suscetível de desfiguração quando aos preceitos morais de cada tribo, aldeia ou minúsculos vilarejos na compensação de ajuda e reverência aos atos tocados por uma fé e atração. A sede dos sonhos como pedestal que cruzam os desenhos do homem pré-histórico não afasta sequer dos horizontes nas insistentes montagens cênicas dum quadro místico por excelência, funcionando como um néctar vigorante entre todas as idades das classes. Entre o permeio das intensas disputas por aldeias rivais nas sucessões das classes e governo tornava-se um rio de sangue a céu aberto no solo com aventuradas magias e poderes mágicos secretos. Intrigante com as aberrações aos angelolatria que impulsionava nas invasões com poder de intimidar os seus próprios adversários vizinhos, dispersando para outros caminhos uma nova vida com os seus.

Foi daí que nasceu e se frutificou por toda a Grã-Bretanha os novíssimos rumos da origem germânica que cultivando com os saxões doutras tribos guerreiras sobreveio toda a formação homogênea do povo inglês aos pedregulhos e entulhos dos ambívios da herança duma raça que ainda não se abateu com os tempos. É desse encarte lutuoso e repleto de fatos consumíveis nas ideias vazantes para naufragar os sonhos dos homens e suas culturas ao longíssimo dos templos e altares no meio das florestas como redenção. Obviamente, os Celtas exploraram por muitos séculos toda a Europa Central e parte da Ocidental nas mais diversas atividades. O crescimento das raízes dos nervos à mente prolongava as longitudes de suas transposições no simples desejo de ocupar e ser dono, incorporando ao seu modo e universal mais terras e conquistas como terra de ninguém.

Sem sombras de dúvidas, noutras aldeias longínquas os povos Godos nas suas diversificadas aldeias abriram frentes nas aquisições de conquistas de terras e figuras linguísticas, elevando um ritmo acelerado de conhecimentos na área geográfica do norte do Mar Negro. Há de se conciliar nesta época, as altas envergaduras dos enfrentamentos militares dos povos Hunos com os Godos, e consequentemente os povos indo-europeus desdobraram nas suas fronteiras a maior abertura das migrações culturais.


Desta sorte, sempre tiveram os desígnios na coleta de maiores valores culturais e os bárbaros ao longo da sua própria natureza perfazendo adornos diversificados em tudo que encontrava de excelente aos legitimados poderes da criatividade humana de pensar, refletir e tomar decisões. As derivadas matas ou florestas, assim como os rios e os mares para alguns eram o princípio revelador de toda a criação sob as asas de uma religião, seita ou atos eleváveis de mistérios e crendices sem um fundo de verdade.

Como sempre o homem é dotado desta riqueza espetacular de criar e renovar os maiores conceitos sobre si e demais dentro da materialidade que busca de algo não concreto. Sabidamente, estes são os maiores conceitos com fervuras no raciocínio do homem na dialética que avantaja os direcionamentos organizacionais de um povo e suas lutas. Já que o homem sempre perpetuou suas forças e sonhos à guerra e o desbravamento de novos rumos na seara dos estômagos de conseguir tudo pela força e uma suposta crendice. Independentemente de qualquer arrojo, o ser humano sempre demonstrou estas atitudes inquietantes de buscar ou renovar o que não pode subsistir aos seus mistérios do pensamento ao vislumbrar o céu sem pairar os reflexos na sua descoberta, além de avistar terras e impor à sua vontade os seus conceitos e determinações do modo de viver.


Enraizado por toda a Europa, os Celtas sempre foram as pedras da convertibilidade dos seus próprios mantos na difusão semeada dos conhecimentos e das razões acometidas pela cognação e distribuição invertida de valores desde a era do bronze ao ferro. E repactuando nas originalidades desses coeficientes neutros e absolutos uma vida própria recheada de inúmeros modos de convivência outrora diferenciada das demais culturas. Com tantos cerradouros de suas lavras, tinham a mais fortíssima intenção de mergulhar nos campos de conquistas, dominar todas as áreas abertas e ali planejar as cerimônias dos ritos e louvores. Mesmo cauterizando um grupo ou aldeias distantes, a intenção desses povos sempre foram prolongar os desfiladeiros de seus limites e indiscutivelmente laborando intercâmbios basilares de cultura e comercio. Com muitos reforços na cidadela e por demais os numerosos jovens já confraternizados nos embriões de ritos eram a maioria soldados e guardiãs das montanhas e vales. E, perante as autoridades, homens e mulheres detinham as mesmas propriedades e vantagens de um homem moderno, o que contrariamente não desafiariam as marquises dos tempos.

Temidos pela maioria dos inimigos, os Celtas sabiam se estruturar para a guerra assim como mantinham no coldre os desejos flutuantes na separação da lua e do sol, bem como na realização secreta da transmigração da alma e do espírito ao mundo desconhecido. De tal modo que a sua cultura permaneceu por séculos e séculos com brilhos e conhecimentos na adivinhação, ciências ocultas, ritos macabros e totalmente brutais o que se torna hoje uma literatura rica em detalhes assim como nas fontes filosóficas com as Ordens de Cavalaria. Com o passar dos séculos, a dureza dos homens Célticos e suas bravuras foram sendo amontoadas pelas fortalezas descomunal do catolicismo e pelo domínio do império romano. Mas, a Irlanda foi abençoada por manter essa divisão até os nossos dias em que essas ramificações nunca deixaram de existir, mesmo afatiado não se rendeu por completo. E o seu povo guiado pelas luzes e tempestades de cultura mantinham como secreto as instruções sobre a religião, filosofia, geografia e demais campos por herdar a veia da sabedoria.

Dir-se-ia que contemplando todos os fatos aqui narrados podem não ser verdadeiros aos olhos dos que não acreditam, contudo não estão escritos em nenhum livro humano e tão pouco nas letras gráficas de quaisquer línguas feitas em papéis. Não retraindo o assunto, é notório que a caçada aos homens Célticos foi empregada como uma grande ameaça ao império romano que emendava e se empreendia por toda a Europa em caminhos brutais de conquistas, massacrando homens, mulheres e crianças com atitudes para uma nova expansão de vida. E com todos os esforços, ainda restaram na Irlanda e no País de Gales as autonomias e todos os pensamentos célticos e druidas. Apesar de que os romanos sanguinários para levantarem territórios já na época da ascendência imperial assombravam todas as tribos e povos nas tomadas contra as culturas que não se aliassem aos términos dos ritos e vinculações demoníacas constituídas nos milênios de todas as épocas. Vazando nas laterais dos oceanos, rios, lagos e riachos os desafortunados povos pelas tomadas brutais de covardia na alteração de todo o caráter humano e desprezado pelos racionais no efetivo engodo.

Naquele dia entre as folhagens dos tempos, uma nuvem cobriu as tribos celtas que se espalhavam pelo norte da Irlanda, mergulhando a era numa torrencial sequência indomável de cada átomo e suas partículas indivisíveis. A temperatura se elevava nos graus imprecisos do calendário ritualístico que se erguia no cruzamento da lua com o sol. Ali, era um verdadeiro ciclo que sacudia e imperava as escadarias do mais antigo dos povos pré-célticos da humanidade. E nivelando com desmedido avanço revolucionário nos céus, as estações se modificaram com a metade luz outrora metade escuridão abreviando o calendário solar-lunar. As condições atmosféricas transformavam o panorama numa agonia interminável e irredutível do mundo virtual dos aldeenses modificadas para aquela lúgubre realidade. E sobre esse teor de inumeráveis dimensões acirradas, não em hipótese, mas, evidentemente sob o exame de cada um no foco. Nada foi surpresa senão os constantes envios de mensagens através do único homem Céltico a suportar as descargas elétricas na frustrada tentativa esclarecer o seu povo os concretos rumos da realidade que se vencia com o salvamento. Nem mesmo os Estados cultos, a exemplo da velha Escócia não conceberam os ensinamentos divinos, abocanhando imperiosamente das mais altas indignidades que uma sociedade possa admitir quando mal governada aos eixos de seus desejos.

Um homem Celta era como se fosse um brio de sol naquelas terras dominadas por classe de poderio de horror na guerra ao ponto de se sacrificar antes mesmo de ajoelhar aos pés do rival. Sob este escudado e estreito lençol de fatos, as mulheres Celtas dominavam todas as artes desde a guerra aos pontos de governos com vocações apenas orais sem qualquer base de escrita que comprovasse ao longo de milhões de anos essas sucessões. Nas fendas e marcas, foram grandes navegantes, comerciantes e conquistadores de novos rumos, atado nos cânticos sagrados e rituais dos ventos e bosques com refinadas elevações ao mundo astronômico que dominaram por vários séculos as mesmas raízes de suas vidas. As perseguições e posições redesenhadas nas escadarias de um governo tinham por obrigação o mito como a fortaleza de suas crenças em tantos ídolos que qualquer pedaço de pau ou pedra se tornava numa vocação aos espíritos reinantes dos céus e do submundo dos flagelos.

Naquele dia, a população vivia uma agonia de uma tempestade sem procedência cósmica, até mesmo o famoso Lago Neagh de água doce com suas largas margens não mais supria o elemento do cerne humano, cujas águas salinadas em formato sólido de gigantescas pedras brancas se rebatiam num estrondo insuportável, avançando ao centro da atual Belfast. Um corre-corre e gritarias tomavam conta dos mais diversificados pleitos de agonia e dor na batalha interminável na abóbada celestial. Portanto, naquela era primitiva onde os homens ápteros aspiravam benzeduras insuficientes para combater o inusitado vindo dos céus e das águas. Como sempre e perpetuamente jamais vencem essas forças que partem destes pontos como finalização de tablados ocasionados pelo próprio desequilíbrio humano.

Não muito distante dali, um homem segurando um cajado metálico com a ponta triangular e três pepitas de ouro na forma de um cálice das horas, era empurrado por centenas de populares que o acusavam de bruxarias e mistérios do provimento nos céus na terra céltica como maldição aos atos praticados. Oferecendo resistência e obrigado a recusar os esforços contra o espírito malevolente concentrado nas dependências dos jardins, o silêncio imperava na duplicidade das estações no limiar das consternações. Sem dúvidas, o senil contando com noventa e cinco fases lunares entre dias e noites, este, fechava as luzes dos olhos perante as atrocidades dos inimigos sem que nenhum vivente fosse capaz de tocá-lo nas vestimentas azuis e amarelas que se arrastavam pelo solo do corpo. Derivando acréscimos de poderes na condição de portador de magias, sossegava o corpo no meio da terra consubstanciando disposição na grande batalha recaída na integralidade por todos os lugares a inspirar corolário ao dilúvio. Nesta real condição, inerte com o cajado na mão direita, ali permanecia todo intacto o ancião sem poder desvencilhar os laços sábios da divindade.

Impregnando um vasto caminho aos pés, o idoso de barbas longas e branquicentas, apertava os olhos e alçava o cajado em volta dos homens pagãos que não rebatiam as cutiladas dos ventos oriundo do firmamento como se fosse uma boca aberta de centenas de redemoinhos. Curvando-se à direita para a extremidade dos feixes de luzes que faiscavam do cajado, ali, circulava em sua volta vibrações ardentes que tremiam o solo com a coloração das margaridas amarelas outrora na cor do fogo, impondo a supremacia das forças advindas do criador planetário. E a devassidão se rompia por todos os lugares daquela ilha, demonstrando um sumário de ações descortinadas a cada ser vivo. Gemido ufane, seguidos de dores com lamentações se aprofundavam nos olhares daqueles seguidores de tantos deuses drenados das mais impuras espécies da civilização irlandesa. Era ali a boca do fogo eterno e selvagem das imundícies humanas, não amparado por qualquer ato de indolência lançando contra os Célticos das impurezas.

O decrépito contemplava a túnica vibrar no corpo enquanto os hostis nada mais poderiam realizar contra os poderes prestímano que sobrecarregavam a carne frágil do homem. Entre as ilhas inundadas pelas correntes de ventanias no maior lago das Ilhas Britânicas, aumentavam a profundidade com mais de cinqüenta metros, arrastando vilarejos e tribos nas margens com drenagens do norte para o mar revolto, até mesmo o Rio Bann com suas formidáveis fontes abriam passagem dentre outras aldeias pré-célticas como Down, Lurgan e demais ilhas nas circunferências de ondas impiedosas. Labaredas descomunais saiam das águas formando calçadas de pedras. Eram como ondas gigantes com altura de quinze metros na terra nua e assobiando nas cercanias o grito e o medo entre as mais velhas gerações na libertinagem que consumia os destemperos humanos dos cultos astronômicos e rituais macabros impregnados pelos povos para alcançar uma soberania imperfeita de suas criações com invocações absurdas aos olhos do criador.

Na verdade, o homem mesmo conhecendo as leis naturais que regem todo o convívio sempre desrespeitou a grandeza molecular de sua prole, procurando no plano físico material as abordagens para tecer rituais que abrem portas e asas ao mundo mágico e encantador. E por todos os tempos e ocasiões sempre será assim, uma imperfeita harmonia na pretensão de chegar ao poder imaterial que não passa dos seus olhos e mentes. Não serão dadas oportunidades para angariar reflexos luminosos com o ser Supremo quando a matéria é decomposta e descarnada de insolentes dores e gemidos nas duas faces que carregam no íntimo do homem as formas variadas de personalidades. Mister, será sempre o poder altaneiro da luz nas ogivas com ofuscamentos nas diretrizes da vida humana sem que o homem possa mudar ou transformar nas entrâncias que se encontra sem a permissão.

E, assim, um vendaval consumia as florestas destruindo os altares obscuros das malvadezas, perseguindo as atribuições das razões e emoções de cada ser que aflorou contra o Ser Supremo. E do empíreo descia uma nuvem neutralizando com uma tempestade de água cristalina em forma de chuva fina nos mortos sacrificados ao longo dos anos pelos usos e costumes desumanos. Tão próximo, surgia uma negrura cinzenta que baixava em diagonais erguendo as cabeças esmagadas que alguns Célticos praticavam aos prestígios subalternos das vinganças aleatórias e ritos infernais de magia. A disputa pelas oferendas nas florestas obedecia ao reino da morte do Senhor das trevas, bem como consumiam as carnes vivas sem a cabeça, demonstrando que a alma pudesse se estabelecer na mente por setilhões de anos para mais tarde esmagar e transformar em pó na mistura química e enlouquecida. De tal forma que a brutalidade nos crânios humanos tinha como intenção amassar e triturar por duas gigantescas pedras roliças e polidas numa superfície plana adornada com vinhos em taças de barro adquirido do Baixo Nilo. Todavia, as iniquidades daquelas práticas medonhas manchavam o céu e a terra num desagrado intolerável. Sabe-se que não haveria explicativas de que o esmagamento de um cérebro pudesse colocar em fuga o espírito vagante do sacrificado. Ressaltando-se que alguns malignos Celtas acreditavam que o espectro do morto pudesse morar na cabeça e trazer aparições aos associados daquela tribo nômade e macabra por todas as suas vidas.

Naquela apavorante hora, com tantos homens, mulheres, velhos e jovens, eram poupados as crianças do futuro resplandecer do novo ciclo irlandês como patrimônio limpo e virgem. Podia se ver com clareza divina uma irmandade de órfãos chorando ao lado dos seus familiares caídos ao solo. E, naquele tormentoso fragmento, o ancião, tocava a ponta do cajado brilhante no chão. De repente, uma fenda enorme de luz clareava o caminho com largura estreita numa circunferência de raio em vértice matemático da hipotenusa.

Era ali, o trilátero divino iluminado na soma em que a luz penetrava com exatidão profunda na equiparação entre a terra e o céu. Concernente ao incrustado meio utilizado, o ancião totalmente assustado balançava o corpo frágil numa área pura e ventilada sem compreender aquele mistério inamovível onde a liberdade era farpeada por fogo crescente outrora decrescente no centro das chamas vivas.


Tremia, e ostentava com lucidez correndo nas linhas internas o fogo da imensidão no preenchimento azul púrpuro, com largas retas aquecidas, flamejando o bálsamo da vida em tons mágicos do equilátero. E sobrevindo com assobio  uma brisa em volta do ancião, suave e fria assumia o pêndulo de uma águia de ouro em forma de cruz lançada no peito e suspensa numa irradiação absoluta. E como prova material, rapidamente um fragmento de um farol no matiz alaranjado e verde se formou na figura geométrica traçando de cada ponto dos ângulos em que o senil se mostrava na bissetriz dos raios incandescentes, acompanhado no fundo tridimensional o azul púrpuro como se fosse o fulgor puro das constelações.

As carnes da face do homem estremeciam, e a barba velha e longa se abria no açoito invulnerável do foco, empurrando suas pernas para o ponto final da linha. Num empurra-empurra, uma multidão de Célticos assistiam o manto cair dos céus em forma luminosa, e aquele povo sobrevivente eram os fiéis da descendência de Noé que não partilhavam dos frutos advindos da escuridão. Sem qualquer interrupção, uma gigantesca nuvem branca se debruçava verticalmente sob o local radiante onde o ancião se encontrava, descendo um triângulo de ouro no formato de um pentagrama com largura de mais de quinze metros, luzindo nas cinco pontas raios jamais vistos pela humanidade.

O senil com o cajado na mão se tremia e rapidamente caiu para fora da figura geométrica marcada pelos incandescentes feixes nas bordas, permanecendo uma perna na menor parte do cateto. E logo se formou um diâmetro de circunferência de um raio, sobrevindo do pentagrama suspenso há mais de trezentos metros de altura dando a dimensão do sol no tablado do polígono na terra. Eu vi com a veracidade dos meus olhos nos quais eu descrevo o eterno, declinando nos confins da terra céltica do Norte da Irlanda, e lamentei a dor que o idoso se agitava no encantamento virtuoso na qual tombara três vezes na longíssima tarde, noite e manhã sem o relógio do tempo. Do princípio desses vencimentos, a população restante nada entendia dos triunfos passos desatadas na ocasião.

E naquela província, os habitantes das aldeias ficaram surdos e cegos quando o inacabável desceu de uma nave de cinco pontas esféricas na figura de um raio, partindo na bissetriz alvejada em vários tons, e disse numa voz de fogo ao velho:

-Onde estás, Abikaley Azadran?

Descargas partiam do fundo da bissetriz do inusitado, e o ancião dormindo em sono profundo nada respondeu com a perna estendida na sombra do fulgor. Novamente, a voz bradou mais forte, queimando os filamentos dos capins novos ao redor daquela figura geométrica dos tempos marcada no solo, inquirindo, disse:

-Onde estás, Abikaley Azadran? Levantas-te!

O bastão faiscou luzes em sua ponta e rebateu no ombro do velhinho com faíscas douradas. Ainda atormentado, nada entendeu. E Ouviu pela terceira e última vez, o clamor do Supremo de todas as eras realizando a citação:

-Onde tu estás Abikaley Azadran?

Com humildade, ergueu-se Abikaley para a menor parte do cateto que fechava o ângulo, e respondeu com a voz tremula:

-Eu estou aqui meu senhor! Mostrais a vossa face para que as minhas gemas possam admirar e percorrer o vosso Altíssimo Celestial.

Uma trovoada percorreu o chão, e a luz agitou o solo Céltico de todos tempos da humanidade, bradando o seguinte:

-Não mostreis vós as infinidades de todas as coisas terrenas em tua bengala? Não estejais vós nas minhas pupilas a todos os instantes? Não queiras tu penetrar no meu ser com indagações. Eu sou a luz do mundo! Não vejas tu que sou a perfeição e me ponho na distância?

Encalistrado, Abikaley Azadram baixou a cabeça, e precariamente foi içando a face em direção ao ápice do centro do triângulo com a mão segura no cajado, e outra nos olhos, e disse:

-Ó Vosso Deus da luz que me ampara! Tendes gratidão por teu servo amado. Não abandones tu a minha alma. Que vós façais o cumprimento de todas as inspirações na terra. Vejas tu, Ó glorioso da secularidade e vastidão que eu sou pó perante os vossos olhos?

A Eternidade bramou um corisco na direção do bordão, chispando por várias vezes, e Deus falou:

-Eu sou o sol de todo o sistema galático. Não queiras tu ver a minha face eterna. Não é dado a conheceres o meu carro solar e tão pouco o meu núcleo. Diga a todos os homens sábios da terra para que não venham a decifrar o impossível. E não construem artefatos para penetrar no centro solar. Eis que não será permitido conhecer o meu universo invisível e os dogmas da criação material.
Imediatamente, disse Abikaley, ajoelhando-se:

-Não. Não meu senhor! Perdoa-me meu Senhor dos exércitos. Tudo... Tudo eu farei para que os homens esbarrem seus projetos alucinados pelos tempos futuros!

A luminosidade percorrendo os feixes com descargas elétricas nas cinco pontas do triângulo de ouro, Deus bradou o seguinte:

-Levante-te Abikaley Azadran. Assenta o único mel na tua carruagem e sopras acima da tua cabeça com a areia da praia lançando contra a maré. Verás duas torres no décimo quinto dia da lua cheia. Faça–os imediatamente!

-Meu Senhor! Como eu farei para abraçar a lua cheia bordada de estrelas entre as duas torres no décimo quinto dia?

Estabelecendo um boldrié de fogo azul na extremidade envolvente, o Onipotente afirmou:

-Ergues o teu cajado, e tudo se consumirá em fogo aos meus desejos por toda a criação.

O velho ainda inconexão e medo, proclama com os olhos arregalados ao centro do comando das luzes que refletiam em várias tonalidades:

-Não posso vosso Deus Supremo! Minhas carnes estão enfraquecidas pelos tempos. Mas, sou fielmente e virtualmente as tuas expressões aqui na terra. Manifesto aqui a minha adoração no ser boníssimo por todos os homens de boa-fé.

Naquela distância de luz sobre a vastidão da terra, Deus perguntou:

-Onde está o teu único filho Arthur?

Preocupado, Abikaley Azadran responde:

-Está no topo das montanhas com as ovelhas, meu Senhor!

A voz ríspida em brilhos soou com bravura com relâmpagos por todos os lados daquela figura triangular, perguntando:

-Não digas tu a verdade da boca que arde das afirmações insinceras do coração, Abikaley. O que escondes de mim? Não vês que sou o teu único Deus vivo?

Tremendo com os raios vibrantes e mais fortes, Abikaley disse:

-Meu Senhor! Nada! Eu escondi. Eu protegir o meu menino Arthur nas montanhas da caverna que se abre para o mar atlântico.

Sem contestação, o farol incendeia com fulgor todo o solo, afirmando:

-Em verdade vos digo. Não sejas tu como as vozes e os pensamentos dos humanos, onde a mentira queima em todas as direções como uma verdade. Decidi entregar ao teu descendente Arthur as maravilhas de um jardim voltado nos seus olhos. Mostrar-lhe-ei no dia acertado para a sua adesão selada numa aliança sobre as terras a procura insaciável que me pertence e darei ao teu filho o meu guardião.

Alegando receio que o Onipotente pudesse tirar a vida do único filho Arthur, o velhinho com o cajado nas mãos suspende e balança, dizendo:

-Ó meu Senhor! Rei dos reis! Não... O meu primogênito Arthur ainda não chegou à fase da meia lua, ainda conta com onze anuidades do templo.

-Abikaley Azadran! Foges pelo mar com o teu filho! Usas o teu cajado como o meu mistério trilátero de fogo por todos os lados. Levas as melhores criaturas no peito esquerdo que amas, e vais para a Ilha do Pico nos Açores. Aqui tudo será fogo sobre a terra, e o homem não é dotado de poderes. Jamais poderei entregar tais mediações. O que seria a terra com os homens enriquecidos de tais poderes?

Surpreso, o ancião indaga:

-Como eu farei meu Senhor?

-Ainda desacreditas do que falo a vós por todos os tempos? Não confias no que falo, Abikaley?

Naquele instante, um raio queimou a mão esquerda do velhinho que caiu no chão, se batendo com os braços, e novamente a voz em fogo azul bradou:

-Ergues o teu cajado, e tudo se consumirá em fogo aos meus desejos por toda a criação. Nada ficará sobre esta maldição até que se cumpra a maioridade do teu filho para mais uma vez trazer o sangue do meu filho, bendito entre os homens da carne que desceu o mais precioso sangue da cruz.
 
-Ó meu Rei! Meu Senhor! Todo Poderoso! O que o meu filho fará para que tudo isso aconteça?

-Abikaley Azadran! Abres as cortinas do teu ouvido. Não saibas tu que não será permitido conhecer o futuro e nem adivinhar as ações que o tempo não venceu as horas? Tens o meu medalhão em tuas mãos, e nas marés das primaveras, eu saberei ofertar os melhores vinhos na boca da provisão. Onde estão os ensinamentos entregues no teu coração? Destes ao povo medonho e incrédulo dos deuses de paus e pedras?

O senil curvou a cabeça, e a luz se abriu num curto, desaparecendo.

Agradecimento:

Foi com alegria que recebi da poetisa Alice Pinto (Escribalice) esta encomenda para escrever uma história romantica sobre o Rei Arthur e a sua participação na narrativa, pouco se importando como o faria. Como adoro escrever, faço nestas linhas o primeiro capítulo. Talvez bem diferente das lendas que circularam e ainda movimentam o mundo legendário sobre a figura do Rei, e faço com assuntos picantes e assustadores do submundo que vegeta as articulações do homem em todos os tempos.

E aí está querida poetisa uma parte dos seus pedidos.

É com muito apreço que escrevo em letras douradas e invisíveis aos vossos olhos esta honrada encomenda



Próximos capítulos com a síntese da narração

Capítulo II


A viagem de Abikaley no Atlântico navegando ao Arquipélago dos Açores pelo Atlântico Norte.
(abertura de novas conquistas pelos Célticos na Península Ibérica até Portugal)

Capítulo III

Batalhas sangrentas dos romanos na invasão da Irlanda do Norte,
Abikaley Azadran leva o filho ao topo da Montanha do Pico para adorar Deus.
Abikaley ensina o filho Arthur a ser um grande arqueiro.

Capítulo IV

Após 07 luas e meia das eras.
A purificação de Arthur no topo da montanha.
Abikaley adorme o filho e cinge com mel soprando o corpo do jovem.

Capítulo V

Arthur de frente para o mar.
O banho do mar no décimo quinto dia de purificação na lua cheia com o pai Abikaley Azadran.

Capítulo VI

Em sonhos Arthur fala ao seu pai do futuro de Lisboa e prever toda a cidade balançar por vários dias no terremoto de 1755.

Capítulo VII

Abikaley Azadran chora na Montanha à meia noite.
Deus conversa no pico da montanha com o mago.

Capitulo VIII

Irlanda do Norte - A grande viagem virtual de Abikaley Azadran e seu filho Arthur.
As duas torres em que Abikaley carregando o filho nos braços entrega Arthur ao mundo.

Capítulo IX

A invasão do exército romano pela Grã-Bretanha,
Arthur é encontrado caído em sono num matagal da Irlanda do Norte.
Sua prisão e os grandes serviços prestados como escravo.
Indicação de Arthur para lutar nas frentes de batalha.
Como um soldado habilidoso Arthur volta ao Pico da Montanha nos Açores para tentar reencontrar o pai.

Capítulo X

Na Ilha do Pico - Açores.
Visões e sonhos de Arthur sobre a futura reforma protestante e a luta contra o diabólico Lutero contra o filho de Deus – Jesus Cristo
Numa aparição rápida - Surge o seu pai – Abikaley e abre caminhos numa conversa divina- secreta.
Retorno de Arthur nas batalhas, ferido é encontrado por uma mulher que leva para Espanha, possuidora de um castelo céltico.

Capítulo XI

Retorno de Arthur ao exército romano na Irlanda do Norte.
Convocado como soldado da frente de batalhas, Arthur vence os inimigos e volta com apenas cento e dez guerreiros dos mil e duzentos homens.
Arthur é aclamado Rei de toda a Irlanda e de todos os Países de Gales.
Recebendo em sonhos os ensinamentos do Pai, Arthur volta ao Pico da Montanha nos Açores e recebe os últimos preparativos de um Cavaleiro.
Ao adentrar no Castelo (Irlanda), marca uma reunião secreta com os melhores homens do exército. (atos secretos).
Arthur nomeia 115 homens para compor a tríade de Jesus Cristo, aplicando em todo o império as leis e liberdade.
Novas batalhas e conquistas de terras nos braços de Arthur com vitórias.

Capítulo XII

Arthur recebe a notícia de que a Espanha fora invadida pelos Mouros e tendo este derrubado o reinado de Galiza, Arthur parte com todos os seus cavaleiros.
Arthur livra a princesa e abate os Mouros por toda a Espanha.
O rei Arthur casa-se com a princesa espanhola céltica e leva para o castelo na Irlanda.
Romance triunfal e festas no castelo.
Arthur sonha com o seu pai e retorna ao Pico da Montanha em Açores.
Luzes em raios, e seu pai aparece alertando sobre o mais estarrecedor que há na terra, o uso do Santo Graal indevido nas bruxarias. E advertindo Arthur para recolher das mãos de quem as possui secretamente.
Abikaley fala ao filho para lutar na conquista do Santo Gaal com a última salvação do mundo, e que o seu corpo tem o sangue real da mais augusta nobreza.
Arthur se comove e chora ao ver nas veias o fluxo do sangue correr azul e retorna ao castelo na Irlanda.
Guerras sangretas onde Arthur luta em busca do Santo Graal por diversas partes da Europa. Bestas e animais eufóricos realizam nas batalhas os mais bestiais incrementos de um guerra sem limites para manter o maior segredo da humanidade.
Numa batalha pela França Arthur é derrubado do cavalo com sua espada, e uma espada sagrada se abre do chão com feixes de fogo caindo nas suas mãos. Arthur agradeceao pai Abikaley e continua na batalha até a derrota da frente inimiga com seus cavaleiros de honra.
Na última batalha um mouro se tranforma num gigante. Um monstro das profundezas diabólicas com barbatanas de fogo e língua desafiante com mais de cinco metros de comprimento. Arthur se recorda dos ensinamentos do seu pai no Pico da Montanha, e se lança contra o inominável das trevas segurando a única lembrança de um anel com um pentagrama de ouro. E lança contra o mostro que absorve e cai. O rei Arthur voa sobre o estomago da fera e abre com a espada sagrada o estomago que explode em chamas e prodridão da humanidade suja.  E sem demora, retira o Cálice misterioso em que Jesus Cristo bebeu na Última Ceia, bem como foi colocado o séu sangue pelos apóstolos quando estava na Cruz.
Arthur volta ao Castelo e reina uma dinastia sem fim ao lado da mulher e seus filhos com o sangue da realeza.




ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 13/09/2010
Reeditado em 22/07/2013
Código do texto: T2496514
Classificação de conteúdo: seguro
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