ESSA NOITE PENSEI EM ME MATAR,

a solidão era tanta que não via motivo para continuar por aqui. Ao escrever essas linhas algumas lágrimas rolam, talvez por teimosia ou pela dor que sinto em meu coração. Amigos poucos, ou melhor, nenhum, família só tem papel social enquanto não se faz nada para escandalizar-los. Amor tenho talvez, mas não posso usar-lo como escudo para esse vazio. Dizem que o amor é cego, mas eu acho que o problema estar em quem à gente escolhe e não com o dito sentimento.

Na minha mente vazia passa o filme das tentativas de acabar com essa alma infeliz que meu corpo habita. Enquanto alguém dorme, eu sussurro o que não posso dizer. Puxo fôlego para não chorar, e não fazer barulho, as luzes já estão apagas e não posso acordar ninguém, amanha é segunda.

O silencio pesa, é a trilha sonora para imaginar como fugir dessa depressão, será que alguém pode me ouvir? Alguém pode me ajudar? Acredito que não, me reduzi a algumas folhas, a um programa de computador, a um site, uma outra vida, uma outra mulher, a uma armadura, a uma nova face, com a mesma dor, a mesma de sempre.

Depois que a vida te trai não há motivo para continuar a acreditar nela, queria não ser covarde, muito menos desejaria ser uma humana. Quem sabe um anjo seria o melhor papel para mim.

Ninguém me ouve, até as paredes escondem seus ouvidos, quando falam todos dormem, respiram fundo como se minha história fosse um conto de fadas, com um final feliz. Como me dói estar aqui acompanhada dessa noite sem estrelas e desse frio que me corrói o corpo.

Nunca fui feliz, já pensei em colocar uma placa PROCURA-SE UM AMIGO, sem distinção de sexo, cor, religião, que esteja comigo não só nas horas boas, que saiba que existo quando ele não tem problemas.

Conheço muita gente, todavia só posso dizer que existem quando me procuram para contar seus devaneios, medos e vitorias e esquecem que não sou psicóloga nem tenho divã para eles. Às vezes preciso de colo, e nessa hora que a solidão me abraça, me dá colo e me faz ver que já cheguei ao fim do túnel, mas a luz que deveria existir um morcego apagou para continuar a dormir.

Pensei em fazer uma corda com lençóis que estão na minha cama, amarrar no teto e no meu pescoço, subir na cadeira e pular dela, morrendo rápido talvez de asfixia, esmagamento da garganta ou quem sabe com sorte quebro o pescoço.

Odeio admitir, estou carente, odeio isso, odeio admitir isso. Durante dois anos, vivi em rodas badaladas,bebidas, amigos, mas sempre me sentia só, cansei disso, me tornei outra talvez inconscientemente porque acredito que voltei a acreditar no amor e isso me deixa desarmada e insegura o medo do amanhecer me persegue, o amanha é uma incógnita que gostaria que não existisse.

E se fosse à cozinha, pegasse aquela faca mais afiada e adentrasse sua lamina gélida em meu peito, seria rápido e eficaz, mas alguém poderia me ouvir e o plano iria por água a baixo.

Água quente no ouvido, veneno, cortar os pulsos, choque elétrico, asfixia com travesseiro, jogar da janela, rolar da escada, ligar o carro na garagem, me joga na frente de um carro. Tantas formas e nenhuma solução. Ouço vozes anjos e demônios duelam em minha frente. Os poetas também choram, amam e tem vontade de morrer, às vezes, se reduzir a alguns personagens pode ser um jeito de criar uma vida perfeita que talvez para mim nunca exista.

Hoje entendo porque as pessoas se suicidam, quando tudo vira contra a esperança de não se ser feliz, melhor do que enfrentar e partir, muitas vezes para sempre. Não tenham pena, nem percam o sono, ninguém sentirá falta de alguém que não quer viver, a morte muitas vezes não é o fim, mas a solução para uma vida de problemas.

Tive uma amiga, talvez a única que a criticidade das pessoas fez com que tomássemos caminhos diferentes. Nunca me esquecerei do dia que fui chamada de sapatão pelo pastor da minha igreja, isso fez com que nunca mais nos falássemos.

Outras pessoas talvez tentassem serem para mim amigos, mas ninguém nunca foi bastante exemplar para andar com aquela garotinha, que era o orgulho da família, o exemplo na escola, a boa instrumentista de igreja, sempre “Superior” aos bons olhos que não podia ter ninguém abaixo do seu lindo exemplo. Hipócritas!!! Em outra ocasião esse mesmo pastor mandou que me afastasse de um casal amigo meu por terem cometido o pecado de fazer sexo antes do casamento, esses infelizmente casaram e não são felizes!

Isso me custou o tempo que não volta, os amigos que não tenho, ensinou a ter medo de ficar solteirona, reforçou a necessidade de um casamento precoce, a coragem para o divorcio, a porta de salvação e um mundo de oportunidades que não vão mais nascer para mim.

A dor meio que adormece a ferida, assim como o mar balança ao sabor do vento. Fecho a janela com medo que as sombras, que as pessoas afirmam existir, me chamem para conhecer o que tem depois da luz, recolho minha insignificante existência a um edredom e a um travesseiro e em busca de um abraço amigo vou para minha cama,vestida de morte sonhar com esse dia que para todos chegam, uns mais cedo, outros mais tarde, para uns agora!

A Confessora
Enviado por A Confessora em 20/09/2010
Código do texto: T2508574
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