Chico me disse, ou não.

Francisco da Silva de Jovenice.

Chico nasceu, pequeno e chorão, e cresceu correndo, brincando e se machucando.

Chico aprendeu a andar de bicicleta, e na época era o menor, o então Chiquinho.

Era Chiquinho pra lá e pra cá. Era Chiquinho pra todo lado, no gol do campo de areia, da balança de pau da árvore. Chiquinho sempre estava presente.

Via criançada, via Chico perdido pro meio.

Chico começou a estudar, mas era lerdo como si só, e pensava sempre em desistir. Chico chegava de chinelo e lápis na mão, era comer arroz e feijão, e já queria ir pra rua. E a mãe dizia:

- Chiiico, lição de casa não é deles, é sua!

Mas Chico queria mesmo era crescer. Chico sonhava em voar.

Até que apareceu Maria da Santa Eugência de Oliveira Monteão Cameria.

Santinha, e Chico então começou a gostar.

E gostava muito, gostava num tanto que não parava de olhar. E ela lá sabia que Chico existia?

Santa pulava corda, sempre num vestido de algodão azul, ou num amarelo. E Chico já decorara até os dias pra cada um deles.

Até que Chico quis voar. E quis voar com Santa. Mas Santa lá queria voar? Santa queria era ler, era estudar.

E Chico chorou e e implorou. E Santa até que quis.

Chico e Santa começaram a gostar. Mas Chico já gostava antes.

E marcaram casamento. E casaram. E tiveram cinco filhos, que cresceram.

Era Joaquim, Ritinha, Dora, Nerso e Rosa Margarida.

E depois os filhos foram casar, foram fazer filhos.

E Chiquinho virou Vô Chico, e contou estórias que a criançada gargalhava.

Até que Santa adoeceu e foi-se pro céu. E Chico, que a tanto não chorava. Chorou.

Mas depois de mês e pouco. A saudade era tão forte, que Chico pediu, e Deus também o levou.

Foi assim mesmo, que Chico não me contou.

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Daiane Lopes
Enviado por Daiane Lopes em 24/09/2010
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