A Gilete e a Morte Numa Noite de Natal.

Encontrei o cara domingo na praça próxima o botequim do Zé Pereira. Estava rindo pra caralho!

Ele só usava camisetas brancas, sem preconceito, e nesse dia estava com uma do Jim Morrison, acompanhado de sua namorada de cabelos verdes e piercing em todas as cavidades do corpo.

Trabalhava eficazmente no DER do Estado de Pernambuco. Possuía um caminhão 1113, ano 74, o qual venerava e costumava dar cavalos de pau com ele todos os domingos na estrada Tupinambá. Era um cara feliz da vida e pode-se dizer bem sucedido. Tinha também um vasto grupo de amigos. Era um daqueles cordiais de Sergio Buarque de Hollanda.

Não se sabia ao certo se consumia substâncias estupefacientes (bancas, negras ou azuis), ou algum tipo de ansiolítico, mas era deveras suspeito.

Naquele mesmo domingo Astulfo rumou de madrugada para a praia, sozinho, portando sete cápsulas de cocaína, alguns cartões de crédito inválidos, notas de dois reais, uma gilete enferrujada, de marca desconhecida, e um colt 45.

Sentou-se, respirou fundo, cheirou tudo, cortou o pulso esquerdo, lambeu o sangue, viu Papai Noel rindo dele, e meteu uma bala na cabeça, vendo seus pesadelos se aflorarem no pós-mortem..., em longos projetos de recuperação...

Savok Onaitsirk, 16.12.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 15/10/2010
Código do texto: T2557802
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