A Volta de Astulfo Carvalhada aos Campos de Futebol.

Fazia um bom tempo que Astulfo não participava de uma partida de futebol.

Na infância fora um craque, tendo marcado aproximadamente treze mil gols, pelas suas contas, recorde até então inalcançado. Marcou gols de todos os tipos, menos o de bicicleta, cujo movimento do corpo para perpetrá-la lhe causava um certo receio; medo de cair e quebrar a costa ou bater com a cabeça no joelho adversário.

Astulfo intimidava os zagueiros adversários pelo seu fedor incomensurável dentro e fora de campo, o que lhe dava um suave vantagem sobre os demais, que não se arriscavam a se aproximar muito.

Além do mais, Astulfo era um daqueles brutamontes que socava quem quer que seja. Um dia quebrou a cara do juiz, dos bandeirinhas e de três gandulas que faziam cera com a bola. Três meses de prisão por lesão corporal grave. Todos tiveram maxilares quebrados e alguns dentes arrancados.

Astulfo não aceitava perder. A perda para ele era questão de vida e morte, seja no que fosse, no futebol de campeonato ou em futebol de botão com seus sobrinhos, a derrota o assombrava.

Teve o caso em que esfaqueou todas as bolas de uma partida que participava, com canivete na cintura, quando o jogo estava 3 X 1 para os adversários. Ficaram sem bola e o jogo teve de ser interrompido.

Era de seu costume jogar armado, sempre com um canivete, ou no meião ou na cintura. Um dia até entrou com um revólver calibre 22 e ameaçou o goleiro de morte caso fizesse firula.

Houve, no entanto, uma tarde em que Astulfo fora convidado para uma partida no campinho da praia de Buracópolis. O campo ficava num elevado, e quando a bola era chutada com muita força e sem direção, caía a rolar morro abaixo. Numa dessas Astulfo saiu correndo atrás da bola, feito um tanque desgovernado, e, fatidicamente, fora atropelado lá embaixo, por um caminhão da coca-cola. Morte certa, bateu com a cabeça no pára-choques e arrebentou o crânio.

O Astulfo era realmente uma pancada!

Que Deus o tenha!

Savok Onaitsirk, 29.01.10.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 21/10/2010
Código do texto: T2569986
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