“ - DO NADA VIEMOS E AO NADA REGRESSAREMOS!”

-- Não caminho no deserto sem destino mesmo que do destino não saiba nada e não queira nada! Alguém me leva adiante para algum lugar desconhecido! Não apalpo esse Ser que me leva, mas suas pegadas são sentidas num estalo do coração! -- Uma vez vaguei no ermo e desabitado deserto querendo encontrar o nada! Modifiquei até o caminho que as estrelas me davam para encontrar o Oriente, querendo perder-me de tudo! Não foi possível! Um minúsculo grão de areia ventou nos meus olhos e senti-o incomodar-me de tudo! A coceira nos olhos me fez irritado até! Não pude restar só naquele momento! O grão de areia deu-me o ar da graça! Discuti comigo: “ - Será que o vento veio de forma proposital? Como prova do destino? Ou foi acaso?” Segui pensando ser acaso! Mas, de repente, outro minúsculo grão correu por sobre as minhas pálpebras e irritou novamente os meus olhos! Já se fez noite no meu caminho! Estrelas foram visíveis a brilharem! A Lua então! Esteve cheia nesse dia! E eu querendo restar-me sozinho! Foi quando uma silenciosa voz, do nada, indagou-me? “ - Ei caminheiro! Vais para onde amigo?” “ - Não vou amigo, quero fugir de tudo e de todos! Não acredito no caminhar para algum lugar, quero encontrar o nada!” E esta voz me respondeu: " - Só estarás no caminho do NADA se fores de encontro ao TUDO, caminheiro! Pois o nada é a forma mais simples que existe, amigo!" “ - Como assim?” Perguntei assustado! " - Filho! Do nada viemos e ao nada regressaremos! Se quiseres realmente ser o nada procure o tudo... Pois, desta vida nada levarás! A não ser o TUDO que são os frutos que plantamos no nosso interior, a Alegria, o Amor, a Bondade, a Compaixão, a Esperança, a fé, a Paciência, a Simplicidade, etc. e que habitarão sempre teu coração no nada!" Eu segui adiante e refleti as palavras desse Ser que apareceu-me em pleno deserto quase silenciosamente. E após longos anos de reflexão das suas palavras compreendi o significado delas. -- Na vida tudo tem um sentido maior e nada é por acaso! Perder as esperanças da vida não leva a lugar nenhum! Nem mesmo ao NADA tanto buscado! -- Segui então o caminho do Oriente e a cada sopro de vida passei a pensar comigo seus significados do momento, aprendendo sempre algo com eles! E assim... Quando hoje sou simples e somente tenho daqueles bens interiores, a vida reserva-me a capacidade de nada exigir e de nada querer, a não ser querer uma vida sempre feliz! Em que a Mão desse Ser feito de grãos de areia leva-me por um caminho repleto do TUDO que preciso para ter todo dia felicidade e assim, sendo feliz retornar de onde vim: do NADA para ser realmente: O NADA que tanto almejei um dia!

(Alexandre Tambelli, 0:24h - 22 de julho de 2002)

Alexandre Tambelli
Enviado por Alexandre Tambelli em 08/10/2006
Reeditado em 20/02/2011
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