A Bomba

O chão fervilhava embaixo dos meus pés, e do céu uma chuva densa e enegrecida pintava minha pele, uma fuligem cinza cobria as ruas da cidade. Poucos edifícios permaneceram em pé e os que restavam estavam em chamas. Carros, casas, prédios comerciais foram reduzidos a um aglomerado de ferro retorcido. Por onde olhava, vários corpos carbonizados espalhavam-se em posições estranhas, alguns na tentativa falha de cobrir o rosto com as mãos como em um gesto instintivo, outros encolhidos a proteger os seus filhos eternamente. Os poucos sobreviventes corriam desesperados em choque, suas peles estavam em carne exposta e suas roupas foram reduzidas a farrapos queimados.

Eu estava no próprio inferno, o limbo onde homens, mulheres, crianças e idosos foram condenados à aniquilação total, sem crime, sem culpa. No instante em que o clarão de luz explodiu em minhas retinas espalhando a tormenta de fogo e destruição, o relógio cessou marcando a hora de nossa morte. No instante em que a terra tremeu e o mundo silenciou em uma onde de choque sulfocante. No instante em que a chuva de fogo e morte consumiu a todos, o que nos restou foi apenas a lembrança tenebrosa e a tristeza infinita marcada a ferro e fogo em nossos corações.

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 08/11/2010
Código do texto: T2604267
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