Luizão Veio do Chão.

O Luizão veio do chão!

Nasceu do lado esquerdo, causando logo de cara uma comoção geral.

Quando nasceu, o médico foi logo dizendo: ih, aí vem um garoto problema!

Foi crescendo e causando horrores por onde passava. Era um garoto assustador!

A grama em que o Xandão cuspia amarelecia e morria.

Por onde passava deixava um rasto de destruição.

Um dia uma garota que o beijou num fim de noite ficou três semanas em coma.

No colégio era obrigado a ficar numa ala mais para o fundo da sala, meio que isolado dos demais alunos, e para que a professora não o visse muito de perto, pois sua imagem poderia atrapalhar o correto andamento das coisas.

Seu pai não quis saber dele. Era feio demais!

Um dia, já adulto, revoltado por toda aquela repressão que sofrera durante a vida toda, resolveu destruir a cidade.

Propagou um caos!

Saiu chutando latas, derrubando placas, passando a mão na bunda de senhoras idosas, cuspindo pra cima nas filas dos bancos, arrotando e peidando estrondosamente em público, por fim, implantando o horror na pequena e pacata Poeirópolis.

Até que chamaram o rabecão, com cento e oitenta policiais, além da escolta da cidade vizinha, como único meio de parar Xandão.

Tudo em vão, Xandão era o cão!

Saiu correndo e gritando, com policiais e população à suas costas, portando uma latinha de cerveja na mão esquerda e um cigarro de filtro vermelho entre os beiços...

Entrou no Rio Grande e nunca mais foi visto...

Dizem por aí que hoje em dia Xandão vive submerso na Atlântida perdida, submersa na imaginação dos rudes homens de antanho...

Por tudo, Xandão tinha um bom coração...

Savok Onaitsirk, 26.11.09.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 07/12/2010
Reeditado em 05/07/2014
Código do texto: T2658490
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