Como Agarrar um Comendador 2

- Alô, quem está falando... Oi Karina... Não, ela não está. Ela foi ao cabeleireiro... É sim... Não sei... Tchau. – Desliga o telefone.

- Quem era?

- A sobrinha da dona Marilucy, ela quer fazer uma visita.

- E onde ela está?

- Vindo para cá.

Ouve-se uma voz vinda de dentro do apartamento. - Beatriz é você que está ai, venha me ajudar... me tire daqui...

- Pronto! A velha já acordou.

- Quem é Beatriz Luci?

- É a irmã da dona Marilucy que morreu ha alguns anos atrás, mas a velha pensa que sou eu.

Maria se despede. - Bem eu já vou indo, depois eu volto. Tchauzinho.

Dona Antonieta continua gritando: - Beatriz não vá embora, por Dio não me deixe aqui!!!

Toca a campainha Lucineide vai atender, é Karina que chega.

- Lucineide, quanto tempo! –Karina abraça Lucineide.

- Menina, como você cresceu! Como vai a sua mãe?

- Vai indo, vai indo... E a tia Marilucy?

- Igualzinha, não mudou nada!

Karina dá um sorrisinho e pergunta: - E o comendador Pimenta?

- Por falar nele, ele vem jantar aqui hoje.

- A tia ainda não agarrou ele?

- Ainda não, mas ela não desiste tão fácil.

D.Antonietta grita novamente: - Beatriz, Beatriz me tire daqui... Beatriz.

- Ê a vovó?

- É, ela está piorando a cada dia...

- Me diga uma coisa Lú, a vovó é louca mesmo, como a minha mãe diz?

- Olha, às vezes eu acho que ela á mais sã do que todas nós sabe, mas tem dias que ela está dum jeito... Dá até pena da coitada.

- E hoje, como ela está?

- Ela estava dormindo até agora... Daqui a pouco eu vou levar o remédio dela.

- Coitada, será que eu posso vê-la?

- Eu não acho boa idéia não.

- Por que Lú?

- São ordens da sua tia Karina, ela falou prá não deixar ninguém entrar no quarto dela.

- Coitadinha da vovó...

Toca a campainha é o encanador que chegou.

- Boa tarde, eu vim consertar o encanamento.

- Boa tarde... Ah, o encanamento... ele está lá na cozinha.

- Muito obrigado, senhora com licença.

Ele vai para a cozinha, toca a campainha novamente e entra Maria.

- Luci, você viu o homem que está andando pelo prédio?

- E como é que eu ia ver Maria, se eu não tive tempo de sair daqui!

- Como não viu? Se ele acabou de entrar aqui?

Karina rindo diz: - Ela deve estar falando do encanador Lú.

- Ah, ele está na cozinha agora.

- E o que você vai fazer Luci?

- Eu... nada.

- Como? Você quer dizer que vai deixar ele ir embora?

Karina diz: - Maria você não quer que a gente prenda o homem aqui dentro para sempre né?

- Não é isso. Eu estou dizendo para oferecer um cafezinho para ele, assim poderemos bater um papinho sei lá...

O encanador volta da cozinha. - Pronto já terminei.

- Você não quer tomar um café antes de ir?

- Eu sinto muito mas não posso, eu tenho um monte de coisas para fazer hoje, fica para outro dia.

Maria ainda insiste: - Fica só mais um pouquinho vai...

- Eu não posso, tenho que ir no apartamento visinho aqui.

Karina também entra no jogo: - Mais é só o tempo de um cafézinho.

- Eu não posso.

Maria então segura o encanador pelo braço e diz: - Então eu vou com você lá para o outro apartamento, eu trabalho lá e posso mostar toda a cozinha toda para você.

-Tudo bem, e depois eu posso tomar o café.

- Então Vamos! (sai com o encanador)Tchau Luci...

- Tchau.

Dali a pouco Lucineide e Karina escutam D.Antonietta gritando no quarto: -Socorro as tropas aliadas estão chegando! Avisem o Mussolini, socorro... ataque aéreo! Socorro Beatriz eles estão aqui...

Lucineide vai ver o que está acontecendo com a velha.

Antes dela sair Karina pergunta: - Por que a tia Marilucy não interna a vovó num hospital psiquiátrico, hein. Luci?

- Porque ela está de olho na herança da velha e tem um impedimento no testamento.

- Como assim, eu , não entendi?

- Eu nãote falei que essa velha é mais sã do que todas nós então... Ela fez uma exigência no testamento pedindo para passar o resto da vida aqui. E se ela for para um hospital de maluco ou um asilo toda a herasça dela vai junto.

- Coitada da tia Marilucy.

- Coitada nada... ela só aguenta a velha por causa do dinheiro, a muquirana.

D. Antoniettã continua gritando: - Não atirem, io soi inocentei per Dio... Socor¬ro Beatriz!

- Deixe eu ir levar o remédio dela senão ela vai ficar gritando isso a tarde inteira. Lucineide sai. Karina se acomoda no sofá mas logo vê a dona Antonietta entrando na sala com uma vassoura na mão.

- Onde eles estão!? - Vê Karina e muda de tom - Oi minha netinha!

- Vovó onde a senhora vai com essa vassoura?

- Eu ia limpar o quintal, essa empregada não faz nada direito. - Entra Lucineide toda amarrada

- Karina desamarra Lucineide e pergunta: - O que aconteceu Luci?

- Essa velha me atacou e depois me amarrou.

-Vovó!... A senhora fez isso?

- Mão foi eu, eu não eu não sei dó nada.

Marilucy entra e pergunta para Lucineide - Mas o que está acontecendo aqui? O que a mamãe está fazendo aqui na sala.

- Ela me amarrou e fugiu dona Marilucy.

- Por que a vovó tem que ficar trancada tia?

- Oi. Karina minha lindinha... O que você está fazendo aqui hein?

- Eu vim fazer uma visitinha prá senhora só isso.

-Muito bem. Deixe eu ir levar a sua avó até o quarto e nós conversaremos, é só um minutinho.

- Mas por que. ela tem que ficar no quarto?

- É que ela esta indisposta hoje, vamos mamãe.

- Isso não é verdade – Gritou a velha. – Eu. estou ótima e quero conversar com a minha netinha.

- Se a senhora não for para o quarto agora eu vou mandar aplicar “aquela” injeção na senhora lembra... Daquela?

- Isso não vale, é chantagem e você sabe disso.

- Claro que vale, vale tudo! Vamos embora já!

Continua...

Agnaldo Billy Vergara
Enviado por Agnaldo Billy Vergara em 07/12/2010
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