A Luva Negra II

Rio de Janeiro, 19/03/2001.

Aos mortais...

Dois anos atrás, em uma viagem de rotina a Taica, eu conheci Sócrates, um professor de filosofia. Nós ficamos amigos e entre conversas e outras, eu acabei abrindo o meu coração e lhe contando todos os meus medos e angustias. Eu lhe contei tudo o que sentia, abri o meu coração. Sentia-me segura o suficiente ao lado dele para fazer isso.

Ele entende, e como amigo, me amparou. Nós conversávamos praticamente todos os dias, e mesmo nos momentos de silencia ele me ensinava algo... Eu acabei me apaixonando, e depois ele também por mim. Mas nós não podíamos ficar juntos. Muita coisa me impedia de ficar ao lado dele, principalmente o meu medo.

Eu não sabia exatamente quem eu era. Não tinha formado o meu eu. Precisava me encontrar primeiro, descobrir quem eu era, o que eu queria de minha vida. Não queria mais ser aquela menina em quem todos mandavam e a melhor forma de fazer isto era ficando sozinha, ... Mas, eu tinha pensamentos avançados de mais para a minha época. Sócrates me fez ver coisas que a sociedade atual nunca aceitaria, principalmente eu sendo uma mulher.

Cheguei a me arrepender profundamente por ter feito as escolhas que fiz, por não ter feito o que meu coração me pedia. Não me casei com Sócrates por medo. Ele estava de viagem para a França e eu não quis lhe acompanhar, preferi esperá-lo. Mas não tinha o que esperar: ele morreu antes mesmo de viajar e eu enlouqueci. Não queria acreditar... Preferi viver à sua espera a crer que fiz a escolha errada.

Hoje, estou em um lugar que poucos que lerão esta carta conhecem... Estou em um descanso eterno, ao lado de meu amado. Estou no Céu. O meu céu. Agora vejo que nunca é tarde demais para se ser feliz.

Carolina

Sabrina Souza Miranda, 19/03/2001.

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Sabrina Taury
Enviado por Sabrina Taury em 23/10/2006
Reeditado em 28/10/2006
Código do texto: T271676
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