A Volta do Morto-Vivo.

Morreu alguém na casa vizinha. Estavam todos tristes e ansiosos, pois o morto ainda não aparecera. O morto era um desses andarilhos sem destino, que vagavam sem porque pele globo terreno, procurando...

Viúva e filhos aguardavam a chegada aos prantos, mesmo doze anos sem ver Ariclenes, o cadáver.

Alguns amigos e conhecidos fumavam e comentavam sobre a vida passada do cidadão, um bom homem, diziam, quase em uníssono.

“Era um homem bom, apesar dos defeitos...”

Enquanto não fumavam, comiam bolachas de água e sal e tomavam chá mate o leão.

Era sempre assim na pequena cidade quando um ente próximo passava desta pra pior.

Passados aproximadamente dia e meio, quando todos se inquietavam, enfastiados de fuxicos vários, chás, cafés, cigarros e bolachas mofadas, quando Ariclenes chegou...

Estava muito sujo e cansado. Acendeu um pito e perguntou, pigarreando, de quem era o velório...

Uma senhora sentada ao lado da viúva teve uma parada cardíaca e caiu morta, diante o olhar esbugalhado dos presentes...

Aproveitaram os aparatos e a sepultaram, com todas as honras, por todo o sempre...

Obs.: isso acontece com freqüência. É bom cuidar melhor dos vivos e cultuar menos os mortos, respeitando-os sempre!

Savok Onaitsirk, 08.02.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 09/02/2011
Código do texto: T2781408
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