Traficantes Batem à Porta.

Supostos traficantes bateram à minha porta num sábado às oito da noite, clamando para que eu fosse até a delegacia porque um tal Coiote havia sido preso e estava sendo espancado pelos milicianos.

Eu havia bebido cervejas a tarde toda, e estava com o sistema nervoso afetado. Havia discutido com a mulher e não queria saber de nada, mas me fizeram uma proposta financeira irrecusável...

Bêbado, como não poderia deixar de ser em sábados ensolarados à noite, tomei um belo banho, botei minha armadura de camisa e gravata, toquei o carro e fui à delegacia, com sangue nos olhos. Tinha que soltar aquele cara lá.

Cheguei chutando o barraco, logo exigindo que lhe tirassem as algemas, pois não apresentava risco de agressão e fuga, não ao menos na minha presença, pois caso acontecesse eu mesmo o reteria, disse assim ao senhor delegado, com todo o respeito sóbrio e ríspido, no que tiraram de plano. A seguir, ato contínuo, o cliente, se sentindo um pouco seguro e aliviado, pediu para ir ao banheiro, sendo prontamente autorizado.

Foi acompanhado por um miliciano até a porta, momento em que fiquei convencendo o delegado sobre as circunstâncias do ocorrido e o fato do sujeito ser meramente um viciado, quando ouvimos um grito seco advindo do banheiro onde o mesmo se encontrava. Corremos todos até lá, arrombamos a porta e o encontramos chorando com a cara dentro do vaso sanitário, tentando se dar descarga...

Foi retirado de lá à força, liberado de quaisquer acusações e diretamente encaminhado ao centro de reabilitação psicológica para tratamento...

Recebi meus honorários e voltei pra casa, com o bolso cheio e um pouco menos feliz, a fim de tomar minha cerveja...

Savok Onaitsirk, 24.02.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 25/02/2011
Código do texto: T2813652
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