Vocês “Quase”Conseguiram!

Acham que conseguiram. Quem consegue, consegue por pouco tempo, eis aqui, nesta nostra terra tosca, a vida dos fortes é, sempre foi e sempre será martirizada. Eis é a lei dos pulhas, dos doentes de espírito, a maioria vivente no plano terreno, infelizmente, otários sectários do porvir. Diante isso é preciso estar sempre “atento e forte”, visto que a diferença paga o preço do pecado.

José Paulo arrancou com os dentes o último fiapo de carne que restava de seu dedão do pé direito. Ingeriu um último floral apaziguador, contra o mal do mundo, e seguiu austero, feito doido..., nadando contra a correnteza. Tinha a certeza de que estava no caminho certo, no seu caminho.

José Paulo não era padre, nem pastor, nem policial, nem cidadão; José Paulo não estava podre e nem queria se chamar José Paulo, mas isso não pôde escolher...

José Paulo não era mal, nem bom, nem sabia disso distinguir..., trazia dentro de si o que seu instinto dizia, e isso para si era o que valia...

José Paulo fora um dia criança como todo mundo um dia foi, mas depois que se viu no espelho pela primeira vez deixou de ser criança e principiou a entrar na dança..., “sacudindo a balança do tempo”...

O som alto espancou a impureza trazida por ventos e desalentos... O som era um inseticida aniquilando o terror, o mal, o inferno; o som veio com fúria, arrastando o infecto para seu mundo torpe. A mente doente derreteu-se com a enxurrada de música anímica, feito o “demônio correndo da cruz” em passagem bíblica, se dissolvendo em ácido. Cruz em credo”.

José Paulo sabia disso e um pouco mais, e este pouco mais lhe carreou ao cais, onde embarcou no Royal Caribbean, como garçom, mentindo sua fluência tri-lingüística.

O ano corrido era 1.722, na região onde hoje é a atual Eslováquia, e José Paulo, ao ser descoberto, fora condenado a caminhar pela prancha rumo à boca da morte, e o mar, que tanto amava, acabou por engoli-lo, em paz...

Um único momento de agonia no princípio, tênua, e, depois, o silêncio...

Savok Onaitsirk, 06.03.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 06/03/2011
Código do texto: T2832245
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