O VISITANTE

Ele – o meu visitante – chega em silêncio. Eu nunca ouço o som dos seus passos entrando, até que uma onda de perfume me coloca em alerta. E aí meu coração dispara...

Curioso: faz meses que a gente se encontra – sempre nas terças, às dez para a meia-noite – mas, para mim, é como se fosse ainda primeira vez. Seria isso o quê? Apenas um desejo proibido... e incontrolável?

Então, de repente, ele irrompe no quarto. Ambos sorrimos, e ele vem sentar-se ao meu lado na cama. Me beija na boca, um beijo faminto e nada comportado.

“Tudo bem com você?”, pergunta ele em seguida.

“Comigo tudo ótimo, e você?

Ele me beija de novo, enquanto me joga na cama com a fúria de um touro. Eu já sinto o seu membro rijo me espetando as coxas nuas – pois é assim mesmo que o espero: nua em pêlo, somente os cabelos caindo sobre meus seios, nada mais.

Finalmente livre de suas roupas – exceto a gravata – ele entra em mim. No princípio devagar, depois de uma forma tão intensa que não poucas vezes minha cama veio a abaixo.

Gozamos juntos, eu e ele. Ele afaga meu rosto, me cobre de beijinhos carinhosos, sorri e vai embora.

“Até terça”, diz ele fechando a porta do quarto.

Eu respondo:

“Até, meu visitante da noite...”

É, mas eu preciso tomar precaução com isso... Semana passada, ao me despedir, eu quase digo:

“Até... Até terça, meu amor!...”

Hélio Sena
Enviado por Hélio Sena em 30/03/2011
Reeditado em 09/04/2011
Código do texto: T2879351