Azar no amor

Meus pais sempre me fazem passar vergonha. É assim, e pronto, não tem como negar isso. Minha mãe é daquele tipo sem noção que gosta de ser amiguinha dos amigos dos filhos, o que eu odeio. Meu pai é uma coisa terrível. Todos os meus namorados, ficantes, amigos ou sei lá o quê que vão lá em casa tem que aguentar o meu pai falando histórias muito envergonhantes sobre mim de quando era pequena, ou até mesmo de depois de crescida. Mas dessa vez ia ser diferente. Estou com um novo namorado que se chama Lucca, mas esse é especial. É um namorado mesmo, um namoro sério. A pior parte dos meus namoros é ter que apresentar os namorados para os pais. A maioria foge de mim depois dessa etapa.

- E aí, Lalu?

- Oi, já estou pronta.

- Beleza, então nós já podemos ir.

Nós estamos indo pra uma balada que um amigo do Lucca está dando. O Lucca adora baladas, igualzinho a mim. Graças a Deus o Lucca tem 18 anos e sabe dirigir. Eu tenho 16, e ainda tenho 2 anos pra ser carregada pra todo lado.

- Chegamos Lalu.

- Tá. Você pode ir buscar um drinque sem álcool pra mim?

Ele vai e eu fico esperando e esperando. Nesse tempo em que ele some eu aproveito pra ir ao banheiro retocar a maquiagem. Tem uma fila enorme.

- Saiam da frente, a minha amiga vai vomitar! - Uma menina grita com a outra nos braços.

Todo mundo sai e do banheiro eu posso ouvir um sussurro:

- Ei, deu certo mesmo esse plano de fingir que eu estou passando mal, né?

- É, esses otários cairam direitinho.

Desisto de retocar a minha maquiagem. Volto pra esperar o Lucca, espero uns 8 minutos e nada dele voltar. Puxa, será que era tão longe assim?

Um menino passa, tropeça e derruba o drinque sem querer na minha blusa. Quase morro com aquilo. Mas ainda assim aguento e resolvo esperar por Lucca mais um pouco antes de ir atrás dele.

Um menino passa e diz:

- Eaê gatinha, tá afim de dar uma volta comigo? - diz muito bêbado.

- Tô afim que você vá dar uma volta e me deixe em paz.

- Huum, você é das bravas... São as minhas favoritas. Vamo ali gata.

- Ahh, que tal você ir e eu vou depois?

- Tá, maneiro, eu vou e te espero gata. Não demora ein beleza!

Tá legal, eu não aguento mais, vou ter que ir atrás do Lucca. Fico olhando pra todos os lados e vejo que ele está do outro lado da festa bem longe dos drinques. Aquele canalha!

- Lucca!!

- Lalu, o que aconteceu?! - Perguntou aparvalhado.

- Como assim o que aconteceu? Fala sério, amor! É bem simples: você demorou, resolvi ir ao banheiro, a fila estava longa e desisti, então voltei e te esperei mais alguns séculos, e então é que um menino derrubou o drinque dele em mim e um cara bêbado deu em cima de mim muito feio. E VOCÊ NÃO ESTAVA LÁ!

- Ei, calma Lalu, vai se acostumando, comigo é assim, você tem que correr atrás sacou? Eu não vou atrás de menina não.

- Hum, e olha só, eu estou terminando com você e vou dar em cima daquele gatinho ali. Comigo é assim, vai se acostumando, esperou eu ir atrás, a fila andou.

Ah fala sério, só os meus namorados é que fazem isso. Não consigo namorar ninguém normal. Pelo menos me livrei de ter que apresentá-lo a meus pais. E eu ainda pensei que era um namoro sério.

Isabela Castilho
Enviado por Isabela Castilho em 08/04/2011
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