PARA DIEGO...
PARA DIEGO
Sergio Pantoja Mendes
No seu toque divino, ela rola dócil e macia, como uma gata sensual.
Fazendo volteios graciosos, foge dos brutos que lhe batem e lhe maltratam... Apenas ao seu Deus, ela se dá plena e cativa. Seu Deus nunca lhe bate; ele simplesmente a toca, como só os deuses, sabem tocar...
As vezes porém, enfadado (como só os deuses ousam ficar), ele gentilmente a empurra para as redes do leito. E ela, submissa, lá se deixa ficar, a espera de um novo, mágico e divino carinho...
O poder dos poderosos porém, faz tombar o Deus, o qual, no fundo do abismo e separado da sua amante fiel, faz levantar-se o homem. Este então, num arroubo ingênuo, aos poderosos desafia. E eles, não satisfeitos em tombar o deus e numa vingança mesquinha, aniquilam o homem, que se retira vencido...
O templo, onde o Deus amava, apesar da multidão, faz-se vazio...
O jardim gramado, onde o mago exibia sua magia, faz-se quieto e triste...
A bola, com que o homem brincava, faz-se agora solitária. E chora...