Paz amor e rock roll

Em épocas passadas, acho que uns vinte e poucos anos atrás, eu como todo jovem, adolescente, que curte emoções e aventuras e não dispensa uma viagem com amigos só para sentir o sabor da liberdade, também me atirei na estrada. Em minha época era confiável sair por aí com uma mochila e poucas roupas, ficar em uma rodovia qualquer dando sinal para quem quer que fosse a pessoa, arriscando uma “carona” ao destino, mesmo que isso se tratasse de ser outro estado. Fiz isso com amigos e por sorte chegamos ao destino com segurança, tudo para ver o Cristo Redentor, as praias, o mar e o festival de rock roll que aconteceu. “O PRIMEIRO ROCK RIO” No Brasil.

Rio De Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, poderia ter sido mais ousado se não fosse o amor... Que no fundo fez morada, criando uma pequena barreira, ao sabor das aventuras, porque um barco sempre há de atracar em um cais, e creio ter encontrado um porto para atracar. Com isso acabei por abandonar a estrada, os amigos de viagens e caronas.

Quando caíamos na estrada tivemos situações em que tínhamos dinheiro para ficar em pousadas mesmo que fosse uma simples pousada, para comer, banhar-se dormir, mas preferíamos as barracas, o frio, que esquentávamos ao lado de uma boa fogueira e com a cachaça que nunca faltava, sempre havia um bom violeiro, um cantor que arriscava lindas canções que não esquecemos jamais. Quando a noite chegava tudo era mais encantador principalmente quando estávamos em algum sertão de Minas Gerais, ou montanhas de Santa Catarina, ou litoral paulista no verão.

Tudo que vivemos em nosso tempo foi lindo, muito lindo, vivemos o nosso tempo e nossa marca era ‘paz, amor, rock roll

Não tínhamos medo de ser assaltados, claro que encontrávamos pessoas de todos os tipos pela estrada, mas uma luz protetora nos guiou, e protegeu. Gastávamos nosso dinheiro com coisas simples mais importantes como chocolates, amendoins, queijo, e claro a “birita” que sempre tínhamos. Tive amigo que bancou meu deslize, por ter cometido o vacilo de torrar toda grana e não ter nada nem para voltar... Ficando mesmo na estrada, por estarmos com mulheres tivemos que ir para o hotel, refeição, banho quente... E nunca faltou uma espiadela na fila do banho. Essa aventura ficou para sempre porque esse amigo se dispôs em cuidar de mim me amparando e mantendo junto do pessoal, não seria uma boa por mulher junto de nos na estrada. Não tínhamos esse costume, mas isso também ocorria com freqüência, sempre víamos casais galeras com as pitchulas junto.

Como deixar morrer momentos que marcou nossos corações juvenis? Apaixonados pelos bosques e paisagens, noites estreladas, fogueiras, beijos na boca de lindas gatinhas de outras veredas, cachoeiras límpidas vindo do interior da serra nos banhando em plena luz do sol... Pastos verdes, gado pastando e cheiro de campo, ar puro, e silêncio de montanha. Terra molhada de suor e mel sob nossos pés livres... Muita vida pulsando por todos os lados. Um paraíso guardado em lembranças. Chego mesmo é pensar que meu coração bate nessas montanhas e serras, isso é quase sagrado para mim, e sempre que há um meio para ir de encontro, é para as montanhas que vou, respirar em profundo silêncio o ar puro, e sentir paz interior que nunca me abandonou.

Ao longo da jornada também descobrimos a unicidade das coisas, as experiências nos tornam sensíveis, assim podemos captar essa doce e sutil presença. Ao nos abrirmos para o que há de oculto, podemos sentir. Hoje, mesmo que eu esteja sentado sobre uma rocha observando o pôr-do-sol essa paz e presenças de todas as montanhas da terra estão vivas em mim, se estou diante de um rio tenho consciência que esse rio representa todos os rios cachoeiras do planeta. Traz muita paz em estar ali. Uma pequenina arvore ainda muito jovem representam todas as arvores da terra.

O amadurecimento é conhecimentos, quando ainda somos sonhadores se souber detectar as mensagens que recebemos durante todos os dias, acordados ou mesmo dormindo, é muito certo que iremos conhecer segredos que se revelam. Tudo pode nos ser revelado, mesmo que estejamos sentados no silêncio de nossa sala. Tudo que vivi foi uma pagina escrita no tempo. Assim é com todos nos. E quando isso se volta fazer presente em lembranças o que fica é lindo, porque foi uma época que nosso dilema e verdade eram, Paz Amor e Rock Roll.

jrobertomxnomvm
Enviado por jrobertomxnomvm em 02/05/2011
Reeditado em 25/08/2012
Código do texto: T2944669
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