TIRO AO ALVO

TIRO AO ALVO

Citar nomes não vem ao caso, mas quem serviu na Base Aérea de Fortaleza na primeira turma de 1968, jamais pode esquecer quando praticou tiro ao alvo pela a primeira vez com o velho mosquetão modelo 1908, principalmente do barulho e do impacto de seu recuo no ombro. Para que os leitores possam avaliar naquela época não se usava protetor de ouvidos alegando os instrutores que era para os soldados se familiarizarem com o estampido de cada arma e saber identificarem o disparo de cada uma.

A turma era constituída de noventa jovens. Dentre estes tinha um que se destacava bastante, por ser: nervoso, tímido e enrolado. Certo sargento muito gozador, brincalhão e irônico dizia: eu agora vou fazer uma pergunta ao soldado mais inteligente da turma, que é um caso raro, está se perdendo aqui como soldado, é uma sumidade, devia ser um presidente do Brasil, aí então, fazia a pergunta ao dito cujo, que era só para turma rir, porque suas respostas não tinham nenhum nexo, ou seja, nada a vê com as perguntas.

Os soldados mais antigos faziam uma novela a respeito do tiro, dizendo que queriam vê quem era macho e bom para segurar o coice do mosquetão, isto deixava cada vez mais os recrutas nervosos, principalmente aqueles que nunca haviam atirado.

Eis que é chegado o dia do treinamento de tiro ao alvo, alguns soldados vibravam de orgulho e satisfação, outros tremiam de medo e ansiedade, porém o dito cujo estava totalmente descontrolado.

Logo foi chamado o primeiro grupo para a linha de tiro e lá estava ele, todos receberam as ordens para municiar, alimentar, carregar, apontar e fogo livre, aí então, começou os disparos, mas cada vez que desgraçado apontava sua arma um dos colegas ao seu lado disparava, aí o coitado sobressaltado saía da mira e gritava: mamãe, mamãe.

Na proporção que seus colegas foram encerrando suas séries de tiros recuavam e identificavam-se: alvo número tal série de tiros encerrada, por fim só faltava ele que ainda não tinha conseguido fazer nenhum disparo.

Com muita paciência e experiência o instrutor, como um pai, aproximou-se e perguntou o que estava acontecendo, ele totalmente descontrolado respondeu: não consigo, não consigo.

O instrutor procurou acalmá-lo e encorajá-lo, olhe para trás os seus colegas todos conseguiram, você não é diferente vai conseguir também, vamos lá força e coragem.

Há muito custo ele conseguiu fazer seu primeiro disparo, o instrutor para incentivá-lo o aplaudiu eu não disse que você conseguiria. Ele se virou para o instrutor, com a voz trêmula quase chorando exclamou: senhor estou todo cagado! Estou todo cagado!

ChicoMesquita
Enviado por ChicoMesquita em 24/05/2011
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