VEREDICTO

Não poderia ser àquele dia considerado como um dia normal. Nuvens negras emprestavam ao céu uma coloração triste e deprimente, e asfixiante fazia-se à atmosfera.

A turba espremia-se, um contra o outro, na tentativa de lograr melhor lugar a fim de bem assistir o lúgubre espetáculo.

Não muito longe do palco já preparado aguarda temerosa, embora auto-afirmada pela crença de que não medira esforços na tentativa de elevar às almas postas em seu caminho. O consorcio era a meta. No entanto, os ideais penderam perpendicularmente – tropeços e levantes sucederam ao largo da caminhada...

Naquele dia a insustentável condição levara ao sinistro.

Alheada chora a alma - chora não pelos méritos, negligentemente esquecidos, mas pelos afetos que inevitavelmente se apartarão – por tempo que não se sabe determinar.

Sob a torrencial tempestade das mais vis injurias, que lhe são atiradas como dardos. Angustia e medo assola ainda mais o espírito fragmentado. Não se Lamenta pelo fatídico todavia, e sim pela impossibilidade de recomposição.

O cerimonial e levado a termo, de forma humilhante é exposto o réu e sumariamente soa a sentença – “... É reconhecido o réu como culpado...”

A multidão aplaude ao veredicto e evade-se do local sem se darem conta das lágrimas muito sentidas derramadas por àquela alma cativa.