Relato de um Buraco Público.

À entrada da cidade vê-se uma velha paineira do lado esquerdo. Logo em seguida uma lombada descorada, sem placa indicativa, e, do lado direito da calçada, um boteco chamado “Orbital”, onde pessoas sentadas em volta a uma mesa de plástico bebem cervejas, na calçada; o engradado fica ao lado, no chão, onde vão depositando os vazilhames, enquanto suas cabeças vão se enchendo de idéias banais; olhares mal-encarados logo de princípio.

O asfasto é marrom e esburacado, dando a impressão que não existe.

Quando se vai entrando tem-se a intuição de que se será vítuma de algum ataque selvagem, uma emboscada, talvez, ou vândalos apredejando carros, mulheres sendo violentadas por seus companheiros, velhas agredindo crianças, pais com cintos de fivelas grossas e enferrujadas enforcando seus filhos ou enteados, sobrinhos, que seja.

Olhando pelos dois lados das calçadas veêm-se construções decadentes, um comércio composto em sua maioria por botecos sujos, casas e imóveis degradados.

As pessoas andam assustadas pelas ruas, à pé ou em bicicletas, olhando de sosláio quem é que está passando. Há sempre uns burburinhos nas esquinas, provavelmente desocupados fuxicando sobre a vida do próximo.

É preciso se acautelar para não atropelar um cão de rua, uma criança no meio da via ou não ser abalrroado por um carrinho de cavalo.

Aprofundando-se um pouco mais na longa e estreita avenida esburacada, chegando ao centro, carros de som estilizados e rebaixados tocam músicas de estremecer o peito, pela potência, não pela qualidade, que, por sinal, é deplorável, fazendo inclusive a razão se enervar.

No capô quente de seus veículos, jovens desregrados, sem camisa, calçando botinas, cheiram cocaína, gritam, berram e bebem cerveja no gargalo, ameaçando em sequencia os passantes com suas garrafas em riste, enquanto meninas de aproximadamente 13 anos dançam um funk que fariam suas mães se ajoelharem a rezar.

Tudo é muito triste!

Por sorte mais à frente uma placa indica: SAÍDA PARA GUAÍRA A 100M...

Savok Onaitsirk, 06.06.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 08/06/2011
Reeditado em 08/06/2011
Código do texto: T3021542
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