NÃO FOSSE O BARULHO DO RELÓGIO...

... Um amigo resolveu me dar um presente. Chegou à minha casa num fim de tarde, desceu do carro e logo vi um belo pacote em suas mãos. Abri-lhe a porta, com o maior dos sorrisos, desejando-lhe boas vindas.

Conversa vai, conversa vem... e nada! E eu feito uma criança. Minha curiosidade se concentrava naquele pacote. Para disfarçar pedi que ficasse à vontade, apontando um local para ele colocar aquela linda caixa, cuja transparência da embalagem não conseguia esconder tanta beleza.

Logo me disse que era um presente para mim, mas estava observando que eu dispunha de um ali na sala.

Na minha espontaneidade perguntei o que era, e ele logo disse: Um relógio de parede. Abri a caixa e fiquei encantada com a qualidade do presente.

Imediatamente, com a ajuda dele, retirei o antigo relógio da parede, aproveitando as pilhas, novas, por sinal.

Conversa vai... conversa vem...

... e o relógio: tic... tic... tic... tic

Isso mesmo.

Não era o tradicional tic, tac, tic, tac, não!...

Eu que era acostumada com o silêncio do antigo relógio, sentia um enorme incômodo com o barulho que esse novo fazia. A nossa conversa nem sei descrever, pois, o barulho tirou toda minha concentração.

Tomamos um vinho, fizemos jus à fria tarde.

Conversamos...

... e o relógio, à toda!!! Tic... tic... tic... tic!

Finalmente, meu amigo se despede, dizendo que, antes de regressar a São Paulo, voltaria mais vezes para mostrar o resultado de uma melodia numa das minhas composições.

Tudo bem. Eu agradeço o presente.

Mal fechei a porta, fui lá, retirei as pilhas do relógio e minha cabeça voltou ao normal.

Dois dias depois ele me liga perguntando se poderia passar à noite pra mostrar o resultado da música. Disse que sim. Depressa coloquei as pilhas no relógio, mas, desligada como sempre, não acertei a hora.

Resumindo:

Quando estávamos, novamente conversando, ele olhou para o relógio e me perguntou se apresentara algum defeito...

Arrumei a desculpa que tinha tirado as pilhas emergencialmente, colocado na câmera pra tirar umas fotos.

Ele mesmo deu-se ao trabalho de atualizar a hora.

No dia seguinte ele me liga perguntando um horário conveniente pra recebê-lo.

Acertamos.

Olhei pro relógio que havia passado a noite sem pilha, para que eu dormisse, acertei a hora. Alguns minutos depois, ouvi uma buzinada.

Quem era? Meu amigo!

Dei sinal de boas vindas. Logo Vi que ia ganhar outro presente, embora menor.

Estendi-lhe a mão, toda feliz. Ele mais feliz ainda foi logo me dizendo:

Trouxe-lhe, amiga, outro presente que vai demorar muito você perder a hora.

Adivinhe o quê?!...

_Um relógio de pulso? Peguntei.

_ Não!... 5 caixas de “pilha alcalina”!i!

*****

Obs. Esse conto é verdadeiro. Meu amigo é verdadeiro, mas, quando soube que ele embarcara para São Paulo, substitui o relógio da parede pelo antigo e coloquei o novo na caixa. Agora, espero que ele não leia esse conto. Caso leia, me perdoe!i!

Autora

Geneci Almeida

28/06/11

Geneci Almeida
Enviado por Geneci Almeida em 28/06/2011
Reeditado em 29/06/2011
Código do texto: T3062478
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