Mestre Edu do Violão.

Mestre Edu começou sua carreira na sarjeta, tocando para duas baratas alucinadas que surgiram na sua frente, o inspirando, para tanto.

Foi lá que entôou suas primeiras notas com um velho violão empoeirado, encontrado no lixão público da Vila dos Cachorros.

Hoje, escrever sobre Mestre Edu, passados tantos anos desde concepção, parece óbvio e simples.

No princípio, desacreditado até por seus entes mais queridos, tido como um estróina irrecuperável, Mestre, como o chamam carinhosamente, deu a volta por cima, por baixo e pelas margens da vida, e hoje, além de publicitário renomado na cidade de São José do Rio Preto, é o lider e idealizador de uma das mais sórdidas e originais bandas de rock do cenário urdergraund nacional, a ZUMBI SOUL, para não dizer a mais odiada.

Com uma batida ácida e nervos à flor da pele, remonta à fúria de Kurt Cobain e ao transcendentalismo louco de Richie Heaven, numa mescla alucinatória inigualável.

Mestre Edu não fez aulas de violão e nem sabe seus significados teóricos intrínsecos. Não dá a mínima para isso e quebra a cara de quem ousa dizer-lhe sobre dó, ré, mi, fa, só, la, si, mandando logo o sujeito dar “ré no quibe”.

Musicalmente, explode instintivamente, resgatando os reconditos mais primitivos da fúria humana, arrancando sons guturais, típicos dos primeiros selvagens que uivaram sobre esta Terra.

Mestre Edu é um levante de poeira. Enquanto alguns acariciam o violão, ele arranca sangue. Porém sua violência é lírica, anímica e inerente somente aos grandes homens das artes.

Em sua tragetória ácida, árida, acidentária e tumultuada, já fez chover, chorar, e arrancou leite de pedra, sem nunca desistir, sendo este o seu diferencial.

Por mais que em determinado momento lhe vissem como acabado, afundado no vício, no ostracismo, casado, fútil e cotidiano, se reerguia em fúria e avassalava multidões com seu fervor por vezes assombroso.

Teve ocasião em que, com violão em punhos, fez milhares de pessoas pararem para pensar...

Teve outra, por sua vez, em que, com o mesmo violão, porém ensanguentado, botou muito marmanjo pra correr...

Seu ódio é com os intolerantes, preconceituosos e patriarcais, que querem ditar regras, sendo que regras cada um cria a sua.

Não estamos falando aqui de uma pessoa qualquer, de um ser humano médio que vemos por aí aos montes nas ruas, vacantes, meditabundos, não!; estamos falando de um ser hermético, um homem perigoso, noctívago, soturno, calado, correto, gênio e justo, onde a maior cautela ainda é um risco, e para o qual leis são inúteis, eis que não está em seu âmago o intento de transgressão de ordens naturais de cada indivíduo. Tem a noção do que o circunda, e vive uma vida interior profícua e intensa, gerando, com seu violão, modos de transmissão da mais pura liberdade. E quem há de impedi-lo?

Quem não se recorda de suas históricas, para não dizer heróicas performances, principalmente nas canções: “É mais fácil ser feliz e sorrir”, “Faça um novo fim”, “Aquele olhar esbugalhado”, dentre outros jorros espasmódicos de pura fúria, lirismo e instinto?! Quem não se lembra, é poque não viveu...

Mestre Edu não tem dom e nem sabe o significado de tal palavra, engoliu-o junto a um copo de vodka barata, com maracujá, nos idos de seus devaneios pueris.

Mestre Edu não ouve críticas, as mastiga no café da manhã e as regurgita na madrugada.

Empunhando seu violão pelas estradas a fio, vai entoando suas indignações em canções que só ele toca, únicas, originais e sem repetição, dando vida à filosofia Heraclitiana, à qual “nunca se nada duas vezes no mesmo rio”.

Mestre Edu: gênio, publicitário, violonista, ator, poeta ou louco?

Não importa, desde que esteja entre nós...

Savok Onaitsirk, homenageando seu grande amigo, guru, ídolo e confidente, Mestre Edu!

Parabens, cara!

Viva muito e seja feliz!

19.07.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 07/07/2011
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T3081193
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