Tirar o leite da vaca

Autor: José Gomes Paes

“Deus criou a natureza e entregou ao homem para que ele pudesse usufruir dela, tirar o seu próprio sustento”.

Naquele dia nos encontramos na rua, conversamos sobre vários assuntos, colocamos a conversa em dia, quando me perguntou o que ia fazer no dia seguinte, respondi que não tinha nada programado, então foi quando me convidou para tirar o leite da vaca e que logo cedo passaria de canoa em frente a minha casa e me chamaria. Dormi, com o pensamento de tirar e tomar em jejum o leite de vaca com farinha de mandioca (costume da região, quase tudo se come com farinha: açaí, vinho de cupuaçu, taperebá, castanha, etc), muitos diziam que era muito forte e afrodisíaco e achei por bem experimentar, se gostar tudo bem, se não deixarei de lado, o importante é que eu queria tirar isso em pratos limpos, mas essa conclusão vocês vão saber adiante.

Morávamos na rua da frente da cidade do interior, bem próximo do rio, separado pela ribanceira e a rua que passa bem em frente a nossa casa, bem cedo um silencio profundo, um grito na beirada do rio chamaria a atenção de muita gente que estivesse acordado, assim o amigo fazia, chamando pelo meu nome. Fui dormi as 21:00hs, tive um sono de sobre-saltos, dormia acordava, acordava dormia, hora dormia, hora acordava, peguei pesado no sono lá pelas 3 da madruga, mas quando estava no bem-bom do sono, eis que ouço uma voz bem longe a chamar o meu nome, percebi que era a voz do meu amigo, dei um pulo da rede, fiquei de pé, olhei o relógio 5:30 da manhã, troquei de roupa e saí, não levei nada a não ser a roupa do corpo.

Desci a ladeira do porto, cumprimentei ao amigo, embarquei na canoa, agradeci por haver me esperado, peguei o remo e rumamos em direção ao campo que ficava do outro lado do rio, distante uns 30 minutos com duas pessoas remando, na canoa levávamos farinha, sal, açúcar, cuia e deposito para a colocação do leite que ele traria para casa.

Chegamos ao local, amarramos a canoa na raiz de uma arvore frondosa, bem no beirado do rio, nos deslocamos até o curral. Os bezerros já estavam separados das mães e dos outros bois, ficando sem dá uma bicadinha na mãe por toda à noite, daí o amigo entrou no curral e foi laçando as vacas uma por uma amarrando na cerca, elas obedeciam que não precisava ele falar, isso era feito quase todo o dia, já estavam acostumadas. Trazia o bezerro para próximo da mãe, com todo direito de dar a primeira mamada, aí sim era um direito seu que influi com que o leite baixe e ela possa dar leite ainda mais. Encheu duas cuias que já continham a farinha, tomamos bem quentinho direto das tetas da vaca, bem forte que depois o suadeiro foi se apoderando de nós.

Que maravilha foi uma experiência e tanto, nunca me esqueço desse momento que vivi em minha vida. Encheu também a lata que trouxe e levou para casa onde vendia como também, distribuía para os vizinhos e amigos.

Uma pessoa muito admirada por todos, um homem bom, que guardo no fundo do meu peito, não tem inimigos, uma pessoa que tenho orgulho de tê-la conhecido e de ser seu amigo. Agradeço a Deus por vivido esta passagem com ele.

FIM

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 08/07/2011
Código do texto: T3082999
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