O LAMPIÃO A ÓLEO CRU.

Quando tempo foi remoto e desapegado ao luxo,

Houve sossego por conta da falta de malandragem,

As casas não careciam de portas ou trancas,

Os furtos eram ridículos em suas freqüências,

As cadeias eram templos mal assombrados,

Viviam vazias por falta de delinqüentes na redondeza,

A honestidade era um produto farto, brotava sob as moitas

De calumbí, imburanas de cheiro, umbuzeiros, mangueirais,

Cajueiros, e outras arvores boas de sombras, não haviam

Contratos, pois o homem tinha como propósito fazer valer

O que falou num tratado de negócio, as noites eram longas

E enfumaçadas pelo combustível que alimentavam o

Artefato de iluminação, pois estes eram produtos primitivos

Extraídos no pilão, da mamona ou peão, ou dendê mais o sono que

Se dormia era tranqüilo, pois os antigos não acreditavam

Muito em assombração, e os vivos eram em sua maioria

Pessoas de bem, curiosamente na medida em que a tecnologia

Foi chegando, a delinqüência foi aumentando em ordem

Geométrica, e nos dias atuais, o lampião virou objeto de

Museu, os combustíveis que os alimentavam são extraído

Em larga escala em gigantescas indústrias, para uso automotivo,

porem o sossego do qual gozava a humanidade acabou-se, vivemos um momento em que as crianças são feitas em laboratórios, não respeitam os pais, e transformam-se em coisas estranhas quando crescem, e a vida Apesar de intensa luminosidade ao seu dispor, mergulha no mais

Profundo breu da escuridão, não há quem se atreva a arriscar um Palpite do que vai ser o amanhã da humanidade,antes voltasse o velho lampião, e as boas energias que o circundavam.

Miguel Jacó
Enviado por Miguel Jacó em 25/07/2011
Reeditado em 25/07/2011
Código do texto: T3117006