Armadura

Lentamente as palavras entravam em seu coração como uma espada samurai. Por fora seu corpo estava inerte, mas por dentro contorcia-se de dor.

Seus lábios não pronunciavam uma palavra, mas seu desejo era gritar até que o som de sua voz ecoasse no abismo que se formara sob seus pés. Abismo que a consumia feito areia movediça.

Seu corpo coberto por sangue e cravejado pelas afiadas palavras que lhe feriram já estava quase imerso na escuridão de si. Porém seu exterior nada aparentava.

De pé e com seu olhar profundo poderia até jurar que nada sentia se não fosse a sutil lágrima que descia no canto dos olhos marejados pela dor.

E lá estava ela mais uma vez, mantendo-se suspensa em sua armadura quando seu corpo não conseguia suportar.

Reunindo as últimas forças que lhe sobravam caiu de pé balbuciando:

- Pode ir, eu ficarei bem... eu sempre fico.

Gabriela Noel
Enviado por Gabriela Noel em 01/08/2011
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