O PULO DO MURO

O PULO DO MURO

O terrível tempo conseguiu apagar de nossas memórias a maioria das passagens de nossas vidas, porém jamais me tirou da lembrança este engraçado ocorrido.

Foi nos idos de 1968, quando eu era soldado na Base Aérea de Fortaleza e por acaso me encontrava naquele dia de sentinela da hora do portão principal. Naquela época pós- revolução a disciplina era muito rigorosa, entrar ou sair da Unidade por locais indevidos consistia em transgressão de caráter grave, para que os leitores possam avaliar o subcomandante da Base que era muito Caxias chegou até a criar uma tabela de punições que dentre os itens propostos dizia: quem por ventura fosse pego pulando o muro ou a cerca da Base seria punido com trinta dias de xadrez.

Foi justamente num final de semana que o soldado de primeira classe por nome de Martins pertencente ao efetivo da seção de bombeiros resolveu tomar umas e outras cachaças no bairro da Aerolândia, que após embriagar-se resolveu vir pernoitar no alojamento dos soldados, até aí tudo bem, só que inexplicavelmente não sei se como protesto ele de uma maneira impulsiva e esquisita cismou de pular o muro. Primeiro pulou para dentro da Base e em voz alta contou trinta, depois pulou novamente para fora e contou sessenta, repetidamente pulava para dentro e para fora e contava sucessivamente noventa, cento e vinte e assim por diante até o corpo da guarda, quando se deparou com o oficial de dia, que sem hesitar apresentou-se da seguinte maneira: licença senhor tenente S1 Martins dos bombeiros apresento-me por ter pulado o muro da Base por seis vezes e segundo a tabela de punições perfazendo um total de cento e oitenta dias de prisão. O tenente sem vacilar mandou recolhe-lo ao xadrez, que no dia seguinte foi ouvido e punido com apenas trinta dias de prisão que é o máximo que o regulamento disciplinar da Aeronáutica permite por uma transgressão.

ChicoMesquita
Enviado por ChicoMesquita em 03/08/2011
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