HÁ LUZ NO FIM DO TÚNEL

 
O menino, contrariado seguia em direção ao colégio.
Despreocupado descia a ruazinha chutando uma latinha de refrigerante.
_Que vida chata! Estudar, estudar, pra que?
Conheço um monte de gente que nem estudou quase e é bem sucedido.
_Ei cara! Chega i mano!
_oi....
- Vou te mostrar uma parada maneira,veio.
-Não sei não, to indo pra aula.
_Cê é Mané mermo irmão, imbora, chegue i.
Ambos sentaram-se embaixo da árvore frondosa a duas quadras do colégio.
_Cê fuma?
-Não...
_Ta na hora meu, pega í mano.
 Paulo, já fumara outras vezes, escondido é claro,
Ai se seus pais soubessem, na certa levaria um sermão.
O Outro, conhecendo seus pensamentos retrucou.
_Ninguém vai sabê ii! Disse oferecendo o cigarro.
-Paulo notou que enquanto falavam, Careca enrolava o cigarro cuidadosamente.
-Imbora veio, demorô.
Num impulso Paulo pegou das mãos estendidas do Careca o cigarro fumegante.
A primeira tragada foi terrível.Tossiu tanto que parecia que ia perder o ar.
_Ki Kia Kia....ria careca.Fique macho meu! Respire.
_Isso não é cigarro comum.
-Na boa irmão, Beck  (Cigarro da erva.) manero. Vai, vai !
_E você, vai fumar não? Perguntou timidamente Paulo.
_To na boa irmão é pra tu.
Foi assim que Paulo iniciou-se nas drogas.
Dona Marta, trabalhava muito pra manter os filhos, junto com seu Juvenal, pedreiro de mão cheia,
Mas que ultimamente não conseguia emprego fixo.
Os filhos, cinco, eram todos menores, ainda bem que tinham uma casinha onde, mesmo humilde os abrigava do frio.
À noite ouvindo o tamborilar da chuva no telhado, Marta conversava.
_Estou achando Paulo um pouco estranho.
Quase não come, anda arredio, mal fala, ele que é tão tagarela.
_Deve ser por causa das provas do colégio.
_Então... As notas dele caíram. A Lucia me disse que não tem visto ele no colégio.
A Lucia nunca gostou muito do irmão, vai ver é fofoca. Mesmo assim amanhã vou ter
Uma conversa com ele.
Paulo deixara de ir ao colégio, mais tarde dona Marta soube pela Diretora,
Em reunião de pais e mestres.
Seu Juvenal virou uma fera.
-O que está pensando esse moleque. Única coisa que faz na vida é estudar
E ainda assim falta às aulas?
-Dona Marta chorava baixinho, sabia que alguma coisa estava acontecendo.
Paulo era um menino bom. Alegre, carinhoso, mas ultimamente andava mesmo estranho.
Mal falava, andava até mesmo desleixado.
_Paulo, cadê a bermuda nova? Não vi mais ela.
_Sei não mãe, também não vi.
Um remorso muito grande tomou conta de Paulo.
Ele sabia sim muito bem onde estava.
Dentro de sua mochila para trocar por drogas e o tênis novo também.
_E aí Careca, trouxe o bagulho?
_Na mão veio, mas sem grana...
_Trouxe uma bermuda e um Pisante novinho.
_aew  mano, num vai dá, meu...quero grana meu!
-Mas Careca eu não tenho...
- Poh veio, aew c kebra a firma.
Siguinte véio, é bom se ligá. Vai no assalto ogê!
 Depois c paga os papelote firmeza sangue truta?
Fico cos bagulho.
Paulo, coagido pelo desejo da droga tornou-se ladrão.
Apresentado pra tantos outros marginais, tourou-se um.
Dalí em diante o garoto inocente transformou-se
Em um homem sem escrúpulos.
Seu pai, homem decente via a única alternativa, expulsá-lo de casa.
Contra a vontade de Dona Marta que implorava para seu Juvenal, ponderar
_ Não adianta Marta, pode chorar!
Esse malandro não quer mudar.
“O pau que nasce torto morre torto”
Assim com desesseis anos, Paulo, passou a morar nas ruas.
Dona Marta escondida do marido, tantas vezes buscou o filho,
Para aconselha-lo, dar-lhe sua benção e apoio com preces.
Paulo ouvia a mãe cabisbaixo, choroso, a abraçava com carinho,
Mas quando ela se afastava, ele corria em busca de dinheiro fácil para sustentar o vício.
Sentada no mesmo banco da pracinha, minutos antes do encontro com Paulo,
Dona Marta conhece Isaura, também mãe de filho marginalisado.
_Pois é Isaura, que será do futuro de nossas crianças?
Nem falo do Paulo e do Marcos, mas de todas em geral.
Falo da fome, da falta de teto, da agressividade do mundo.
Da falta de escolas, saúde, empregos decentes.
Do exagero da violência, do ódio entre irmãos.
Enchugando uma lágrima que teimava em cair Isaura calmamente responde:
_Tepende de nós amiga! Da nossa reforma íntima.
Estamos colhendo os frutos que com certeza plantamos.
Se analizar-mos somente esta faze de nossa vida, vamos encontrar
Tudo isso que você mencionou, mas se tomarmos conhecimento de que
Trazemos de outras encarnações, dívidas que temos que saldar...
_Como assim? Perguntou Marta surpresa.
_Sabemos que nossa vida não termina com a morte certo?
_Não? Acho que sim. Morreu acabou!
_Não teria sentido, veja, como explicar, a diferença social por exemplo.
Uns nascem em berço de ouro, outros nas favelas, uns sãos, outros doentes.
Uns perfeitos, outros mutilados, cegos, surdos.
Deus na sua infinita bondade, não discriminaria assim seu filhos.
_Nossa... Pensando assim... mas, continue.
_Então quando Jesus mencionou:
_Há muitas moradas na casa de MEU PAI, ele falava da existencia de outros mundos.
Mas como chegar a estes mundos? nos perguntamos. Atravéz do aperfeiçoamento
Espiritual.
Já ouviu dizer que morrendo é que se vive para a vida eterna?
Isto quer dizer que quando morremos, isto é, nosso corpo morre,
Nossa alma liberta, volta à verdadeira Pàtria, o mundo espiritual.
_Lá, amparados pela espiritualidade amiga,
 somos esclerecidos do porque de nossa existência conturbada.
Conhecedoras de que não somos vítmas mas apenas espíritos endividados,
Em busca de evolução, temos a chance de retornar novamente à nova existencia,
Nascendo entre afetos e desafetos, para que juntos possamos perdoar e sermos perdoados.
-Apaixonante seus esclarecimentos Isaura, queria muito saber mais.
_Comece amiga, lendo O Evangelho Segundo o Espiritismo. É muito esclarecedor.
Eis meu endreço, vá em casa quando quizer. Poderemos estudar juntas.
_Vou sim amiga. Obrigada.
Nada acontesse por acaso, Paulo, Marcos e tantos outros, não souberam aproveitar
A nova chance, mas e nós?
Quem pode afirmar com certeza que em outras encarnções não levamos a discordia e a dor
Á outros lares atravez das drogas? Agora sentimos na pele o mal que causamos.
Muita Paz!