O Homem Que Furtava Isqueiros

Por quê? Não sei. Ele também não sabe. Quando menos percebe, já está em sua mão ou bolso, um novo isqueiro, oriundo de alguém, alguma mesa, alguma festa. Laranja, branco, amarelo, verde, preto, azul. Pequeno, médio, grande, vários modelos.

Dizem que começou na infância. Dizem que começou na adolescência. Um dia começou. E ainda não terminou. Por maldade? Não. Por hábito? Talvez. Mas o fato é: sumiu mais um isqueiro.

E lá vai ele checar seus bolsos e abrir suas mãos. E lá o encontra.

Cansado, decidiu ir a um psicólogo.

- Olá Doutor, vim me consultar

- Ok meu filho, seja bem-vindo, mas me conte...qual é o seu problema?

O homem então se adentra com uma grande arca de madeira e a abre. Milhares de isqueiros reluzem, como uma arca cheia de joias, ou relíquias de um navio pirata. Sim, uma coleção imensurável, variada, valiosa. Anos de um árduo trabalho furtivo. Sim, uma arca só de isqueiros. E então ele diz:

- Doutor, está aqui o meu problema

O Doutor observa a cena, atônito, resignado e diz:

- Ok meu filho, vamos tratar você, mas vamos fumar um bom charuto antes de iniciarmos a nossa sessão. Você viu meu isqueiro por aí?

Samuel Carnero
Enviado por Samuel Carnero em 15/08/2011
Reeditado em 13/07/2018
Código do texto: T3160821
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