Dois copos de vinho;

O sangue já parara de jorrar, a cabeça estava amassada e um dos olhos saltara devido ao impacto. Os braços cheios de hematomas e os ossos quebrados mostravam que ela tentara se defender.

A falta de respiração e batimentos cardíacos provava: ela não estava mais lá.

Quando a polícia chegou, a casa estava toda destruída. Restaram apenas dois copos de vinho sobre a mesa. Intactos.

Ele estava sentado sobre os calcanhares ao lado dela. Não havia lágrimas, mas havia a dor. A dor de um olhar perdido, abstrata no meio de tanto sangue.

A panela de pressão ainda estava em sua mão, embebida em massa cefálica e sangue.

“Era só um copo de vinho, o que custava ela aceitar? Não custava nada!

Era só um copo de vinho, que eu comprei com tanto amor...

Só um copo de vinho, especialmente para ela.

Um copo de vinho para pedi-la em casamento.

Um vinho, que ela recusou.”