Simplesmente Maria

_ Ah!!! Maria, jamais voce vai ganhar esse concurso, não vejo chances!!!!
Retruca Ana Bella com ar irônico.
Maria, sábia como sempre se calou. Ela deixava as palavras para os momentos certos.
E chega o grande dia!!!
Redações e mais redações!!!
Dona Olga a professora mais antiga da escola seria a juíza, caso houvesse empate. Era ótima professora de português e não protegia ninguém. Mantinha sempre o bom senso.
Balões e bandeirinhas enfeitavam o pátio e no palco forma-se a bancada de júris.
Maria mantinha-se calma, pois sabia de sua capacidade e dos seus escritos. Era segura de si.
Mas já Ana Bella, rodava pelos pátios com seus cachos já cantando vitória, pois sua maior concorrente era Maria. No seu intimo tinha medo de Maria, era a única que podia “derrota-la”. E como defesa, resolveu usar a tática de amedrontar Maria.
Pobre Ana Bella!! Maria já tinha vivido muito em sua curta vida, não seria isso que a intimidaria.
Ana Bella era filha de um grande industrial da cidade e sempre tinha tudo que queria, ou quase tudo. Vivia tentando irritar Maria, pois nunca conseguia tão boas notas quanto ela. Era uma disputa cerrada. Não para Maria e sim para Ana Bella.
Maria era uma menina pobre financeiramente, mas sua riqueza era ser um anjo que Deus colocou na Terra. Mesmo muito jovem, já pregava grandes lições de vida e de sabedoria. Não tenho aqui nem palavras pra identificar Maria, pois não se conceitua um anjo.
Perdeu a mãe cedo, então o amadurecimento lhe veio mais rápido, cuidava da casa dos irmãos, da comida, dos animais. Era realmente Maria.
Ouvem-se gritos!!!
Todos os júris com cara de espanto e emoção, dava para perceber nos olhos!
E quando Dona Olga levanta-se com dificuldades e a voz tremula anuncia:
_ Maria!!! Essa é a nossa ganhadora!!!
Maria só ergue os olhos e esboça um tímido sorriso, ao passo que Ana Bella se esperneia no chão empoeirado do pátio.
_ Maria suba ao palco, por favor!!
E segue Maria em sua simplicidade, com seus velhos chinelinhos, ganhos no ultimo natal. Tímida que só ela, mas um olhar sábio, que entendia da vida.
E eis que dona Olga entrega o premio e pergunta a menina:
_ Maria em que voce se baseou ao escrever tão emocionante redação, que tirou lagrimas de todos os jurados? Podes me explicar de onde vem essa maravilhosa historia? Nunca li algo tão emocionante em meus longos anos de magistério.
E Maria mais uma vez encabulada levanta os olhos com voz firme e solta, responde:
_ Dona Olga, essa é a minha historia, a da minha vida!!! Não escrevi fatos irreais, só o que vivo e sei da vida, então resolvi “me escrever” .
Essa sou eu, pura simples, nova e velha, menina e mulher.
Sou simplesmente Maria!!!
Viam-se lágrimas e lágrimas nos olhos dos jurados que naquele dia, levaram pra casa mais uma lição. Mas dessa vez, uma lição diferente. Não a lição de cadernos e livros, mas uma lição para a vida toda: a da humildade e sabedoria. De saber entender que o simples, o que vem do coração é o que dá o real encanto a vida; que faz com que a fé humana nos transporte aos nossos ideais. E tudo graças à simplesmente Maria!!!