Encontro


Manhã de um tórrido verão. O calor arde aberto na alma viva do jovem Alboreto.
 
Nascido na pacata cidade de Bolzano, localizada na famosa região de Trentino Alto Adige, na porção norte da Itália, situada a cerca de 232 metros de altura, é um famoso destino turístico para quem aprecia esquiar ou mesmo fazer trilhas pela montanha.
 
Vindo de uma área fria, Alboreto, por necessidade de acompanhar sua família se mudou para Natal, e desde então o calor ensolarado tem sido o único senão na nova experiência deste jovem.
 
Bem falante, dominava muito bem o Italiano e o Alemão. No Brasil teve que iniciar do zero seu aprendizado do idioma Português.
 
Inteligente e ajudado por uma população local alegre, dinâmica e cordial, logo logo já se comunicava muito bem em português. Com seu brilhantismo natural, ele passou a ensinar a nova língua a seus pais.
 
Estudando e trabalhando, Alboreto vestiu a camisa do país que tão bem o recebeu.
 
Como todo jovem, era amante de adrenalina borbulhando em seu sangue, adorava emoções fortes e problemas complexos a serem resolvidos. Talvez por isto mesmo, estudava física e trabalhava levando turistas em passeios pelas dunas em seu bugre vermelho, comprado com ajuda de seus pais.
 
Adorava seu trabalho que lhe permitia além de um visual encantador, conhecer pessoas novas quase todos os dias e sentir a emoção “adrenalínica” de guiar seu bugre pelas dunas maravilhosas que combinam harmonicamente com magníficas e surpreendentes lagoas, que com sua beleza especial pontilham a costa de Natal, alem da beleza paradisíaca do próprio mar desta cidade.
 
Em uma destas múltiplas jornadas, transportava uma turista carioca. Raphaela, uma bela senhorita de longos cabelos e corpo “mignon”, rapidamente encantou nosso jovem guia.
 
Como sempre, e neste caso em especial tentando disfarçar seu instantâneo encantamento, logo depois da apresentação, ele “mandou” sua pergunta tradicional.
 
- Seu passeio, você o deseja com muita emoção, ou com pouca emoção?
 
Praticamente nenhum turista de primeira visita as dunas de Natal entende esta pergunta de imediato, Também Raphaela, sua passageira de momento não entendeu.
 
- Como assim?
 
- É sobre o seu passeio pelas dunas. Você é daquelas ousadas o suficiente para imprimirmos um passeio com fortes emoções, ou você é daquelas mais contidas, e desta forma nosso passeio ocorrerá mais tranqüilo.
 
Raphaela logo entendeu que ele se referia a forma como ele guiaria o seu bugre.
 
Normalmente Raphaela era mais comedida, mas sem estender exatamente o porquê, ela passou a posição de que deseja um passeio com muita emoção.
 
Era tudo o que Alboreto desejaria, uma menina encantadora, que imediatamente havia encantado seus olhos, e um passeio com emoção.
 
Alboreto encarnou um piloto de rali e fazia o seu passeio mais maravilhoso de todos os tempos, dunas, lagoas e mar, vento de frente, emoção latente a todo instante, e seu coração batia mais forte cada vez que ouvia a voz da bela Raphaela, ou mesmo simplesmente quando a visualizava ou mesmo apenas a imaginava.
 
Cada instante a mais e uma paixão secreta, ainda meio que platônica, ganhava em forma e em força, um significado cada vez mais forte.
 
Já no meio da tarde, como se o tempo fluísse sem nenhum dos dois perceberem, pararam em um lindo, transparente e encantador lago, e neste exato instante fez-se o mistério do amor. Quase sem palavras, estavam envoltos em mutua paixão que reluzia em brilho, um sentimento forte que arrebatava ambas as mentes e corpos.
 
Daí até que estivessem casados e que Raphaela agora fosse uma carioca casada com um jovem cientista de foguetes, na barreira do inferno foi um pulo.
 
Hoje já se contam três lindos filhos, e vagueia pelos livres ventos de Natal que eles planejam ainda mais uns outros dois. E para encerrar dizem também que o calor da terrinha foi o mágico toque que deu início a isto tudo.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 30/09/2011
Código do texto: T3250362
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