Um novo horizonte.

Era preciso renascer...

Assim, ao aceitar transferir-se para Teresópolis, ela estava em busca de um novo caminho. Não conhecia aquela cidade serrana, mas, sem objeção, aceitou de pronto a escolha de seu marido para saírem do Rio de Janeiro em busca de uma cidade mais calma.

Ali, naquela cidade, tendo o Dedo de Deus como ponto de referencia: Ela voltou a pintar. Com a esperança renascendo, sentiu vontade de mostrar seu trabalho.

Soube da existência de uma grande feira que funcionava aos sábados, domingos e feriados, numa praça, na parte alta da cidade. Eram mais de novecentas barracas cadastradas na prefeitura: Roupas, artesanato, doces típicos e uma área reservada aos artistas plásticos.

Com ajuda do marido, tomou coragem e conseguiu licença da prefeitura para participar da feira, levando seus quadros.

Aos pouco começou a se reencontrar e a sentir que era possível prosseguir na caminhada descobrindo novos horizontes.

Pintava quadros pequenos e levava para serem comercializados na feirinha.

Para o artista, desapegar-se de sua obra não é fácil. Entretanto, depois de algumas vendas, ela começou a entender que cada quadro era como um filho. Ao cria asas tem que voar... Sairão para enfeitar outros espaços, onde poderão ser mais valorizados.

Afinal, quem compra aprecia e dá valor ao que compra.

Junto aos expositores da feira ela encontrou pessoas com o mesmo sentimento de amor à arte, mas com objetivo de venda.

Diferente de outros artistas, o pintor precisa ganhar para poder trabalhar. Ele precisa de tinta, tela, pincel e... Sobreviver.

Ali, naquela feira, ela via seu trabalho ser valorizado até pelos de casa. Afinal, pessoas pagavam para ter um quadro, que em sua casa era apenas mais um.

Aos pouco ela começava a se realizar e se sentir feliz por ela mesma;

não por tabela.

Um dia resolveu que levaria, além de quadrinhos, três ou quatro quadros grandes. Bem emoldurados, como se fosse apresentá-los num salão. Não tinha ilusão de vendê-los já que o preço teria que ser elevado; o que estava em desacordo para ambiente da feira. Mas seria uma experiência e uma forma de valorizar seu painel, expondo trabalhos maiores.

Estava o grupo de expositores conversando distraidamente, quando:

Uma senhora de bermuda aproximou-se.

Olhou os quadros e se dirigiu ao grupo, querendo saber a quem pertencia o painel com os quadros grandes.

Perguntou o preço. E a artista respondeu, um pouco sem jeito por ter que dar um preço que julgava alto. (ela era péssima vendedora).

Após dizer o valor dos quadros maiores, timidamente informou que havia quadros pequenos, do outro lado do painel, com preços bem menores.

A senhora olhou tudo e perguntou: Você aceita cheque?

Respondeu que sim. E que a senhora poderia escolher os quadrinhos à vontade.

A senhora olhou mais uma vez, e disse:

... Quero todos.

...Todos?... A artista repetiu assustada.

... Sim. Quero todos os grandes.

Ela estava tão nervosa que não sabia o que fazer. Começou a abria e fechar a bolsa, procurando o talão de cheque e a caneta.

Por sorte, sua filha chegou e disse: Calma, mãe. Quem paga é quem compra.

Ela não estava acreditando...

Um novo horizonte, de autoconfiança, despontava a sua frente.

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 21/10/2011
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