carro

No dia que minha bicicleta chegou eu não dormir naquela noite. “vai domir menino besta”. Já vou. “a bicicleta não fugir não”. Eu sabia que não. Era nova, mas eu já estava com uma flanelinha esfregando. Levei ela pro quarto. Encostei na parede e deixei a luz acesa. Cada vez que começava a cair no sono. Me espantava, e olhava pra ela pra saber se estava ainda lá. Quando percebia que não tinha desaparecido. Eu voltava minha cabeça pro colchão. Agora de lado,virado pra ela. De novo o sono ia chegando, mas tinha medo de dormir e tudo desaparecer. No dia seguinte, retirei o resto do plástico. Meu pai fixou as rodas e fui pra rua.

Minha vergonha era que ela tinha rodinha. O do Jean não tinha, então eu ficava commuita vergonha de andar na praça usando rodinhas. Me sentia muito humilhado

Esse menino não namora com ninguém Jundinha? Meu pai pergunta pra minha mãe. Do meu quarto eu escutava aquilo. Calma manelito, esse menino é novo ainda. Ele tem dezessete anos e nunca vi nada dele fazendo isso. O que você está insinuando. Nada. Não falei nada. Você deveria dar uns conselhos. Você que é pai que deveria ensinar ele e não eu que sou mãe.

Aquela conversa deles me deixou apavorado, precisava urgemente achar uma namorada, não queria que meu pai pensasse coisa ruim de mim. Meu amigos já namoram, beijaram na boca, até já fez sexo, eu ainda nada. Na dacenteria que eu ficava encostado na parede vendo os outros dançarem. Uma vez tentei dançar. Levantei os ombrinhos, todos riram de mim, nunca mais eu fui pra pista. Se não dança fica mais difícil. Alguns dos meninos tem jeito pra coisa. Já chega conversando, falando coisas pra ela. Eu não. Se eu chegar não sei nem oque dizer.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 23/10/2011
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