A descoberta de si mesmo

Esta história é sobre um homem que não tem nome. Não lhe vou nomear, pois creio que não são os nomes que fazem as pessoas, mas sim o contrário. Ou será que Jesus e Herodes seriam de outra forma se um tivesse o nome do outro? A resposta certamente é negativa, embora alguns nomes tenham significados. Além disso, se eu resolvesse nomear o personagem, algum ser estúpido diria que eu coloquei o nome de fulano ou de cicrano por causa de fulano ou de cicrano. Por último, o homem de quem tratará esta história não será chamado por nome algum porque não se trata de um homem em particular. Talvez ele represente algo escondido em muitos seres humanos, sendo, portanto, universal.

A história desse homem começa por sua infância. Era apenas um dos filhos daquela família. Família esta em que o pai trabalhava e a mãe ficava em casa a cuidar dos filhos. Naquele tempo era possível fazer isso. Hoje falta tempo para os pais passarem com seus filhos. Isso não significa que seus pais fossem presentes. É muito provável que a necessidade de sobrevivência, os muitos filhos e o despreparo, impedissem seus progenitores de o acompanharem, como exige o papel a eles incumbido pela natureza. Em sua infância, brincou – embora pouco – adoeceu, sorriu, chorou, enfim foi uma infância como de quase toda criança. Esta primeira fase pode ser resumida em poucas palavras: menos diversão e mais privação. Tudo lhe era muito restrito. Foi crescendo para dentro de si.

Chegando à adolescência, fez o que quase todas as pessoas nessa idade fazem, é claro que em uma escala muito menor. Estudou, trabalhou, namorou, brigou, chorou, sorriu, amou, odiou; sem, entretanto, aproveitar a vida como deveria. Fez amigos, muitíssimos dos quais perderam-se no tempo e agora sobrevivem apenas em sua lembrança; isso para não dizer todos. Não era de muitos amigos. Foi por esta época que começou a ver o mundo sob uma ótica diferente. Dentro da racionalidade, tudo lhe parecia completamente irracional. A inocência cedeu lugar à clareza (antes não tivesse chegado). O carvão estava sendo transformado em diamante bruto. A matéria pura tornara-se pedra disforme. Final e infelizmente, a razão chegava para usurpar o lugar da emoção. A reflexão e a introspecção foram se tornando cada vez mais constantes. Com isso, nosso herói sentia-se como um patinho feio que nunca se descobriria um cisne.

Logo cedo deixou de acreditar no amor humano, aquele que aprisiona, que encabresta as pessoas. Quem ama assim – pensava ele – não compreende a individualidade de cada ser. Desde então só cria no platonismo do amor. Aquele amor em que as pessoas compreendem-se e aceitam-se do jeito que são, sem exigir que a outra seja conforme a idealizam. Por pensar assim e por ter já sofrido algumas vezes, desapegou-se do ciúme. Esta coisa que não passa de pura vaidade, posto que quem o sente pressupõe ser o dono do outro, apenas para poder dizer: “É meu!” ou “É minha!”. Esquecem que na verdade ninguém pertence a si mesmo, quanto mais pertencer a outra pessoa. O ser humano não é objeto e é livre para ser o que quiser ser e fazer o quiser fazer. Obviamente é preciso ter consciência de tudo o que se faz. Quem não tem essa consciência e não aceita os resultados dos próprios atos não passa de tolo, estúpido, imbecil. Quem se acha dono de alguém se revela fraco, inseguro e incapaz de viver por si só, já que tem sua existência atrelada a outro ser.

Pois bem, a pessoa de quem trata esta história, cresceu, tornou-se adulto, virou trabalhador e sentiu na própria pele o peso da responsabilidade. Para cumprir mais uma etapa do “script” da vida, apaixonou-se e casou-se. Viveu todos os altos e baixos desta instituição tida como indissolúvel, mas que se esvai como areia ao vento e entre os dedos. Tal decadência matrimonial é levada a cabo principalmente porque algumas pessoas o concebem como certificado de propriedade sobre alguém ou como meio de ascendência social. Os outros motivos que levam à dissolução do casamento são decorrentes destes dois. Como não podia deixar de ser, vieram mais trabalho e responsabilidades, por conseguinte, menos tempo para viver. Não havia tempo para o crescimento cultural, não havia tempo para o crescimento individual, não havia tempo para o futebol do fim de semana, pouco tempo havia para a poesia, pouco tempo havia para si mesmo. Não havia tempo ou pouco havia tempo, porque este deveria ser destinado ao sustento, à sobrevivência, às contas do mês. Em contrapartida as reflexões aumentavam. Seu silêncio era compreendido como chatice, estranheza, prepotência, rabugice, ou seja, seu silêncio não era compreendido. Aos poucos foi se cansando, aos poucos foi se recolhendo para dentro de si mesmo, aos poucos ia se descobrindo. Antes que alguém menos privilegiado de intelecto pense e fale (ou só pense mesmo) alguma asneira, é importantíssimo lembrar que este homem era absolutamente normal, com todas as qualidades e defeitos humanos.

Um dia, de manhã, depois de ter passado uma terrível noite de insônia, levantou-se, foi ao banheiro, abriu a torneira do lavatório, abriu o armarinho, pegou sua escova de dente e o creme dental e enquanto fazia sua higiene rotineira, ia filosofando coisas incompreensíveis. Terminado este ato, despiu-se, abriu o chuveiro e tomou um longo banho. Enquanto a água e o sabão lavavam-lhe o corpo, os pensamentos lavavam-lhe a mente. Para aproveitar melhor o raro tempo que tinha para pensar a e na vida, secou-se e vestiu-se bem devagar. Não queria as idéias lhe fugindo do cérebro. Tomou café normal e silenciosamente. Sua cabeça ia ruminando pensamentos. Naquela manhã tudo o que fazia parecia estar em câmera lenta. O café foi tomado devagar, levantou-se devagar, dirigiu-se devagar à porta, abriu-a devagar e devagar saiu para a rua. Porém, naquele dia, não fora trabalhar.

No seu caminhar pela rua, parou em uma banca de jornal e leu algumas manchetes: “PAÍS NECESSITA DO DINHEIRO DE INVESTIDORES ESTRANGEIROS”, “GAROTA DE 12 ANOS É ASSASSINADA POR CAUSA DE CELULAR”, “SALÁRIO MÍNIMO TERÁ AUMENTO IRRISÓRIO”, “POLÍTICOS REAJUSTAM PRÓPRIOS VENCIMENTOS EM MAIS DE 100%”, “INADIMPLÊNCIA TEM ALTA RECORDE”. Há muitas outras, mas não convém dizer aqui. Nosso personagem parou de ler e voltou à sua caminhada rumo a não sei onde. Durante os passos que dava lentamente – nesse dia não tinha pressa de absolutamente nada – ia pensando sobre o que lera. Concluiu que o materialismo do mundo em que vivemos é uma merda e que o dinheiro é um mal infelizmente necessário. O dinheiro, aliás, foi seu maior objeto de ilações naquele momento. Comparou-o a um verme que passeia sobre a pele, esperando a primeira oportunidade para adentrá-la e fazer o serviço completo. Aprofundando-se neste raciocínio, sofre-se primeiro porque não se tem o dinheiro, depois se sofre por querê-lo mais e mais. E neste sempre querer, podemos dizer que de início ele arranha a alma de quem o deseja, aberta uma mínima fissura ele começa a roer, aberto um pequeno orifício ele começa a comer, por fim, o dinheiro entranha-se na alma de quem o deseja e a devora. Deste jeito, transforma um ser humano normal em um escravo, um zumbi que só cumpre ordens do senhor Consumo, da senhora Ambição e do mestre Capitalismo. Para cumprir estas ordens e atingir todos os seus objetivos, é capaz de esmagar, triturar, humilhar, aniquilar todos os que se puserem em seu caminho como obstáculos.

Continuou caminhando e sentiu vontade de tomar um cafezinho. Parou defronte a uma padaria, entrou, pediu o que queria, tomou, pagou e foi embora. Café quente, forte, amargo, café de máquina. Nosso amigo filosofou também sobre isso. Café de máquina. Nos dias em que vivemos, apesar do avanço tecnológico, o ser humano regrediu. Ao invés de humanizar as máquinas, desumanizou-se. Pouquíssimas coisas têm, atualmente, o prazer de terem sido feitas por mãos humanas. Se as coisas pudessem conversar entre si, se as coisas tivessem vida – talvez até tenham – certamente aquelas manufaturadas sofreriam preconceito por parte das industrializadas. Distanciando-se da padaria, passou por mais algumas bancas de jornal. Não leu as manchetes, eram as mesmas porque os jornais eram os mesmos. O que lhe chamou a atenção foram as revistas. Em quase todas ou todas de fato, recebiam destaque as que tratavam de fofocas, de esmiuçar a vida dos famosos, que traziam receitas, simpatias, testes imbecis e outras futilidades da vida moderna. As revistas portadoras de conhecimento e informações que contribuíam para o enriquecimento intelectual das pessoas, além de mais caras, não eram bem expostas e não recebiam a devida atenção por parte do público. Salvo as exceções de toda regra. O vírus mortal da imbecilização coletiva espalhara-se de forma pandêmica.

Deixando de lado as máquinas e as revistas, nas ruas e avenidas por que passou, viu mendigos – de todas as raças e idades – e eles pediam esmolas, catavam lixo, comiam do lixo, bebiam, fumavam, consumiam drogas, conversavam, roubavam, choravam, sorriam, brigavam, acariciavam, ajudavam-se, ou então estavam simplesmente a perambular ou dormir em bancos de praça, escadas ou marquises de edifícios. Por instantes parou. Olhou fixamente para aquelas barbas e cabelos longos, sujos e desgrenhados; olhou fixamente para aqueles rostos imundos, marcados pela vida; olhou fixamente para aqueles olhos de todas as cores, mas opacos, sem brilho e por fim olhou fixamente para aqueles corpos maltrapilhos. Desta vez não quis pensar sobre o porquê de estarem ali, se por vontade própria (improvável) ou por imposição das circunstâncias. Se resolvesse fazer isso levaria horas intermináveis e uma vida não seria suficiente para concluir algo. Como estava numa praça, sentou-se num banco para descansar. Fechou os olhos por vários instantes e algumas lágrimas rolaram silenciosas e frias por sua face. Quando os abriu novamente, as lágrimas já haviam secado pelo efeito do calor, que era forte. Ainda foi possível ver algumas pessoas carregarem cartazes nas costas, outras faziam shows na praça, malabarismos nos faróis quando estes fechavam ou iam limpar os vidros dos carros ou vender algumas coisas aos motoristas com os vidros abertos. Muitos dos quais não davam a mínima atenção e fechavam o vidro. Resolveu deixar tudo para lá e continuar sua caminhada.

Olhou no relógio e não era ainda horário do almoço. Decidiu ir à Assembléia Legislativa ver uma sessão aberta ao público. Antes não tivesse ido. De tudo o que vira ser aprovado, muita coisa não tinha importância para o povo de forma geral, atendiam aos interesses políticos e eram frutos de acordos espúrios. A grande maioria dos bons projetos de interesse público não era aprovada ou sequer votada, pois apesar de serem reconhecidamente bons, determinados grupos não queriam dar a outros os louros da vitória. Finda a sessão, resolveu dar uma voltinha pelos corredores da Assembléia. Nesse seu pequeno passeio, ouviu coisas absurdas, abjetas. Por exemplo, numa conversa entre dois políticos, o nosso amigo ouviu que era consenso geral na classe dominante, o sistema educacional não sofrer grandes e boas mudanças para melhor, pois eles estariam terrivelmente ameaçados. Para o povo se contentar bastavam apenas umas medidas emergenciais dadas em doses homeopáticas. Que a melhoria viesse, mas em longuíssimo prazo. Noutra conversa ouviu que não era interessante sanar de vez os problemas econômicos e de segurança, pois havia muitos deles lucrando com tudo isso. Na última conversa ouvida, desta vez entre dois assessores, nosso incansável personagem conseguiu ouvir só o desfecho:

-Caro amigo, para manter o povo sob controle, basta usar a velha fórmula do pão e do circo.

-Verdade! Verdade! Mas é preciso tomar cuidado com alguns “colegas” idealistas que não entram em nenhum esquema, nem sob tortura. O pior é que eles estão ganhando terreno. Agora vamos embora porque pode haver alguma escuta por aqui e nós estaremos simplesmente ferrados. Vamos!

Nosso personagem, ouvinte indefectível, saiu dali com vontade de vomitar. Tudo o que ouvira era absurdamente podre e nojento. No entanto, nesta última conversa percebera uma tenuíssima luz no fim túnel. Todavia, como o ser humano vive em completa dicotomia, junto com a pontinha de luz veio um lampião de trevas. Ele entendera nas entrelinhas que os “colegas idealistas” eram extirpados do convívio social, apesar de temidos. Não se sabe por qual motivo, (ironia, é claro) nosso herói lembrou de um trecho de uma música de Raul Seixas, provavelmente “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”. O trecho era “... se você quiser entrar no jogo dos ratos, de rato você tem que transar.” É justamente aí que mora o perigo. O ser humano é falho e a tentação existe.

Antes que alguém sem imaginação ou sem o mínimo de inteligência comece a se perguntar como um cidadão pode entrar num recinto feito a Assembléia Legislativa e ter acesso a tantas coisas, eu dou dois motivos muitíssimo simples. 1: concordam comigo que uma pessoa bem vestida, usando terno e gravata impecáveis, sapatos bons e brilhantes e uma pasta executiva entra em quase qualquer lugar? 2: concordam comigo que estamos no mundo da ficção (será?) e que no mundo da ficção nada é impossível? Caso estes dois motivos não sejam suficientes para que possam entender esta passagem, sinto muito. Morram e nasçam novamente.

Saindo daquele lugar, foi direto almoçar. Estava faminto. Satisfeita esta necessidade, retornou ao que se propusera fazer naquele dia. Ao sair do restaurante popular em que almoçara, viu que caía uma chuva torrencial. Mesmo assim saiu para a rua, tirou o paletó, segurou-o em uma mão e na outra sua pasta. Repentinamente começou a girar descompassadamente no meio da rua e entre os automóveis. Não dava importância aos gritos que o chamavam de louco ou suicida. Afinal, o que é a loucura? É um conceito bem relativo. É possível garantir, sem medo de errar, que os que se julgam normais chamam quem foge a suas conveniências, de loucos. Estes, por sua vez, tidos como loucos, dizem que são normais. Então, quem é louco e quem é são? A fronteira entre a loucura e a sanidade é a mesma entre o amor e o ódio: tênue como um fio de seda.

Após a chuva veio o sol. E, nosso normalmente louco personagem, secou ao sol. Resolveu procurar um hospital público e uma igreja. O primeiro para conforto físico, não estava se sentindo bem. Escolheu um público por que não tinha dinheiro para um particular e seu plano de saúde estava atrasado. O segundo lugar escolhido era para conforto espiritual. Não conseguiu atingir nenhum dos dois objetivos. No hospital a fila para o lento e precário atendimento era imensa, nos corredores havia macas com pacientes tomando soro, pacientes sendo medicados em cobertores no chão; deu meia volta e foi embora. Na igreja, vazia, o padre não soube confortar-lhe o espírito. Foi embora sem resultado algum. Sobre a Igreja como uma instituição, lembrou-se de que ela preconiza a penitência e a remissão dos pecados e se perguntou:

- Será que ela mesma se penitencia e se redime dos próprios pecados? Quanta ironia, talvez ela mesma seja uma grande pecadora. Talvez ela mesma tenha desvirtuado os propósitos de Deus. Se bem que, quem pode afirmar quais são os propósitos de Deus para nós? Deixa para lá, isso é assunto para séculos de discussão.

Antes de partir para outra caminhada, ele ainda se lembrou da proliferação de igrejas e religiões, do enriquecimento ilícito de seus criadores, da lavagem cerebral que fazem nas pessoas e conclui consigo mesmo que se Cristo vivesse nos dias de hoje, provavelmente Ele se matasse. Nosso herói não era ateu.

Já havia anoitecido e nosso peregrino já se livrara do paletó e da pasta. Por onde andava viu, em lugares estratégicos ou não, garotos e garotas de programa, prostitutas (não sabia especificar a diferença terminológica), travestis, todos de várias raças, tamanhos, idades. Era a vida ganha com a venda do próprio corpo. Vendiam prazer sem prazer. Porém, sentiu pena daquela gente. Nem todos gostavam do que faziam. Muitas vezes a necessidade vencia a decência. Portanto, ninguém deveria julgar-se melhor ou pior do que ninguém.

Acabou dormindo ao relento. Quando o sol, encoberto pelas nuvens de poluição, o acordou; ele decidiu que era hora de voltar para casa. Tudo o que vira no dia anterior estava vendo novamente. O retorno foi mais árduo que a ida. Chegou tarde da noite em casa. Estava sujo, fedido e faminto. Sua esposa o abraçou e o beijou mesmo assim. Em seguida ele partiu para o banheiro e tomou um demoradíssimo banho. Depois jantou e não trocou nenhuma palavra com sua esposa, embora ela o questionasse muito. Ela, aliás, o amava, mesmo que de forma humana e possessiva, mas o amava. Contudo, ela ainda não era capaz de compreender a grandiosidade do autoconhecimento, a importância de pensar o mundo e não apenas viver nele. Ela não o perturbou mais. Fizeram amor e foram dormir. Não sabiam que pela última vez.

Este homem, que pode muito bem ser um pouquinho de cada um de nós, dormiu e sonhou. No seu sonho, vozes lhe disseram que o ser humano é egoísta, mas se ajuda; quer tudo para si, mas sabe dividir; é corrupto, mas também é honesto; odeia, mas também ama; faz sorrir ao mesmo tempo em que faz chorar. Enfim, as vozes lhe disseram todas as contradições possíveis e imaginárias a respeito do ser humano. Depois de ouvir tudo isso, entendeu-se simplesmente como um ser humano. Nem melhor, nem pior, nem mais bonito, nem mais feio, nem mais rico, nem mais pobre que ninguém. Apenas um ser humano.

Quando alguém chega a tal ponto de compreensão, este mundo não é mais o lugar apropriado. Sua missão provavelmente fora cumprida. É, portanto, hora de ajudar os outros, mas estando em outro lugar. O homem de quem trata esta história nunca mais acordou. A semente do que ele foi um dia, ficou plantada em sua última noite de

amor.

Cícero Carlos Lopes – 28-12-04

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 05/12/2011
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