Saudosa e lírica historia do cão Pery

          Já conheci o Pery como um velho cão de guarda e isto nos idos anos de 1950 (52/58)
Passamos a associar ao Pery, todo aquele endividou de comportamento boêmio e preguiçoso, típico também do aposentado que já fez tudo na vida sem ver a vida passar e que de um determinado momento passou a viver tudo que a vida lhe oferecia...
Esta historia aconteceu na minha família na cidade de Russas - Ceará.
Encontrava-se em nossa cidade um grupo de americanos que ao retornarem não tinham o que fazer com o cão a não ser doá-lo e assim chegou ao seio de nós Pery.
Com um porte de um cão tipo pastor, de vastos pelo o que não era comum às raças ali conhecida e predominante então a época o nosso ilustre "vira-lata".
 
Vamos ao fato pitoresco e motivo de referencia até hoje embora tenha se passado já cinqüenta e três (53) anos de seu desaparecimento por morte provocada (criminosa) muito utilizada na época para banir os caninos propensos a raiva.
Morávamos em um sitio distante da sede da cidade de Russas 3 a 4 km.
Nos finais de tarde víamos o nosso Pery pegar a estrada e desaparecer até o dia seguinte quando retornava de mais uma de suas fatídicas noites de farra.
 
Ao cruzar por qualquer membro da família, passava de cabeça baixa e com o rabo entre as pernas extremamente desconfiado ou como quem não queria dar qualquer tipo de explicação de onde esteve ou com quem esteve durante toda aquela noite...
Buscava sempre o lado alpendrado da casa para ali ter seu descanso...
Por volta do meio dia, antes de ser servida a refeição, procurava o tanque (tipo de reservatório de água próprio para irrigação ou banho, uma piscina acima do nível do solo) para seu banho e nas paredes do mesmo víamos estendido para secar-se ao sol...
Só faltavam-lhe o protetor solar e os óculos ray-ban e a Jackeline Kennedy ao lado. Para passar-se por um grego amador!
De alma nova  e limpa retornava ao alpendre e aguardava o momento em que lhe servíamos a sua refeição...
Satisfeito, procurava o lugar mais fresco e sombrio para o repouso pós-almoço que era o frescor das copas das laranjeiras...
Seu descanso só era interrompido pelo passar das horas e pela hora que se aproximava para a próxima noitada... La pelas cinco horas da tarde.
E assim foram todos os seus dias enquanto vida teve o nosso boêmio Pery.
O mais curioso e que ao passar todos estes anos ainda encontramos traços dele em seus descendentes...
 
Rio de janeiro 10 de junho de 2011
Francisco Rangel
 
Francisco Rangel
Enviado por Francisco Rangel em 11/12/2011
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