O amor é fatal

A mãe levantou-se apressada da cadeira quando o médico saiu do quarto do seu filho. Estava aflita.

– E então, doutor? O que ele tem?

O médico suspirou. Seria difícil dar a notícia.

– Quantos anos a senhora disse que ele tinha?

Ela começou a chorar.

– Quinze, doutor, só quinze. Ai, é uma coisa grave? Ele vai ficar bem?

– Receio ter que lhe dizer, mas os sintomas são claros. Está apaixonado.

A mulher ficou em choque.

– O quê?! Não, não pode ser...

– Suspiros entrecortados, coração palpitante, um misto de alegria e amargura... E agora essa febre que não baixa. Sim, senhora. Tenho certeza. Seu filho está sofrendo de amor.

A mãe desabou na cadeira. Tinha tido tanto cuidado para que isso não acontecesse... O deixara longe de todos os perigos... De que adiantou? Agora ele estava lá, sofrendo o pior dos males.

– Doutor, o que faremos? – perguntou, angustiada.

– Realmente, não sei lhe dizer. Ele está muito mal. O amor não-correspondido já penetrou o seu órgão mais vulnerável: o coração. Não há muito o que fazer agora.

– Nada mesmo?

– Você sabe, essa epidemia está atingindo muitos jovens ultimamente. Na maioria dos casos, dou algum sedativo. Mas o fator principal é o tempo. Só ele pode curá-los.

Um brilho de esperança relampejou nos olhos dela:

– O senhor acha mesmo que o tempo poderá curá-lo?

O doutor relanceou os olhos para o quarto do garoto. No seu íntimo, não soube esclarecer se o que diria agora era verdade ou mentira:

– Sim, tenho certeza. Aliás, isto é só um primeiro amor, certo? Vai passar...

Algum dia, acrescentou mentalmente.

CONTINUA...

Elaine Rocha
Enviado por Elaine Rocha em 19/12/2011
Reeditado em 30/06/2012
Código do texto: T3396868
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