A estranha vizinha.
 
Não é tão difícil identificar uma pessoa estranha. Há razões que a caracterizam. Ela pode ser identificada por vários motivos, seu fanatismo ao falar sobre o mesmo assunto, pela falta de hábitos de higiene ou pelo costume de apreciar comidas esquisitas. Poderia ser aquela que toma sorvete de chocolate comendo batatas fritas com catchup? SIM! Ou aquela que fica olhando para um nada sem prestar atenção no que acontece ao seu redor e, de quando em quando, dá uma risadinha. A minha vizinha é estranha. Ela mora sozinha, tem bom gosto para se vestir, é educada, sempre cumprimenta, mas não conversa com ninguém. Todos os dias ela sai para trabalhar em seu carro. Só que aos domingos ela se veste de maneira diferente, põe seu jeans, camiseta e tênis. Logo às dez horas ela sai com uma sacola grande e toma o ônibus. Resolvi segui-la. Vi em que ponto desceu. Na próxima vez fiquei em meu carro à espera dela naquele local. Ali ela tomou outro ônibus, desceu desse segundo coletivo e andou três quarteirões para então entrar num orfanato. Após meia hora ela saiu de lá com uma menina. Continuei seguindo-as. Foram até um restaurante e almoçaram. Depois disso, a vizinha voltou ao orfanato, deixou lá a menina e retornou à sua casa utilizando-se daqueles dois ônibus. Perguntei a mim mesma: Será que a menina é filha dela? - Só que no domingo seguinte, minha vizinha repetiu aquela sua rotina, porém saiu com uma menina que não era a mesma e, nos outros domingos saiu com uma criança também diferente, sempre indo ao tal restaurante para almoçar. Minha vizinha pode ser estranha, mas é uma boa pessoa. Deixa uma criança feliz. Ela faz o papel de mãe aos domingos.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 27/12/2011
Reeditado em 28/12/2016
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