Castelo do rei

Um rei sempre reconhece um outro rei. Certa vez chegou ao portão do palácio um rei. Foi perguntado se era um inimigo e, caso não fosse, estaria convidado a entrar. Mas o rei disse que só estava de passagem e parou porque admirava o castelo; foi morto. Depois chegou um outro rei, que também parou no portão. Observou o reino lentamente e foi perguntado se conhecia sobre táticas de combate e se estaria disposto a dividir sua fidelidade, mas não soube o que responder e foi morto. Depois chegou a carta de um rei, nela alguém dizendo ser um admirador. Não enviou presente e foi convidado a tomar do vinho, mas esse disse que não bebia e foi morto. Trouxeram a sua cabeça. Depois chegou ao portão do castelo um rei: esse chegou lutando, confrontou durante três dias e três noites, e nenhum dos dois venceu. E por fim chegou ao portão do castelo um mendigo. Aceitou o convite, ofereceu seu pão, falou sobre o encanto do palácio, bebeu toda a garrafa, disse que nunca esteve numa luta e que possuía a paixão descontrolada de um guerreiro que não sabia nada sobre o amor, por isso não entendia os inimigos e nem tampouco sabia recusar um bom vinho. Esse adentrou o castelo e matou o rei. Um rei sempre deixa entrar em seu castelo. Mas, se não for para avisar que corre perigo, se for para recusar do seu melhor vinho e se não for para falar da beleza que tem o seu reino, ele jamais vai aceitar por ti ser morto.

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2003