O pequeno pescador

Pesco com meu pai desde criança. Pelo que me lembro minha primeira pescaria foi aos cinco anos de idade.

Certa vez contava já com pouco mais de seis anos, papai me levou pra posar no rio. Que aventura!

Chegamos tarde na beira do Rio Turvo, na região de São José do Rio Preto, em minha querida cidade de Nova Granada que me viu nascer.Já passava das 15:00hs e antes de iniciarmos a pescaria foi necessário arrumarmos o acampamento, limpando o terreno, armando a barraca, juntando lenha.

Ao terminar a arrumação do acampamento já estava bem escuro o e pessoal resolveu pescar alguns bagres para o jantar.

Como nunca tinha acampado á noite, tudo era novidade. O barulho das águas, o trinar dos grilos, o pio de pássaros desconhecidos, mas sentia a segurança do meu querido pai.

Enquanto meu pai, um primo mais velho e mais dois amigos pescavam, ficamos eu e o Nenê, outro primo um pouco mais velho que eu, na barraca. Por volta das 20:00 os pescadores apareceram com os peixes.

Meu pai e o Dito, o outro primo, foram limpando os peixes, enquanto o Osmar já prepara o arroz para o jantar e colocava a frigideira com óleo no fogo.Etâ jantinha boa! Peixe frito, arroz e salada de tomates.

Depois do delicioso jantar, lavamos os utensílios, pois iríamos passar todo o final de semana no acampamento.

Em seguida meu pai começou a contar os “causos” de pescador e contar muitas piadas, pois além de um excelente pescador meu pai também é um ótimo contador de histórias, nesse meio tempo acabei adormecendo.

No dia seguinte fui um dos primeiro a acordar e já fui pra beira do rio sem nem mesmo tomar café. Estava doido pra pescar.

Peguei minha varinha que papai já havia preparado no dia anterior e me sentei na ceva, parecendo gente grande.

Qual não foi minha surpresa, quando de repente um outro pescador que estava em outra turma começou a jogar alguma coisa no rio, o que me pareceu, no alto dos meus seis anos, uma tremenda falta de educação.

Sem pestanejar já fui chamando a atenção do sujeito, -“Como é que o senhor vem atrapalhar minha pescaria, jogando terra em minha ceva?”. O sujeito que era na verdade outro conhecido de meu pai caiu na risada e em seguida apareceram meu pai e os outros companheiros de acampamento, todos dando muita risada da minha reação.

Era tudo armação e o que o pescador estava jogando na ceva era quirela de milho, que serve pra cevar os peixes.

Na verdade ele jogou a pedido de papai só pra ver qual seria minha reação, que não deu outra, briguei com o desaforado.

Depois disso tudo virou festa. Continuamos a nossa pescaria e pela primeira vez em minha vida peguei um grande Piau, aquele de três pintas.

De lá pra cá, nunca mais parei de pescar e sempre em companhia de meu querido e adorado pai, que me ensinou tudo sobre pescaria e muito mais sobre a vida.