Lucas Souza
Lucas Souza
Ele andava nos seixos. Microhistórias roladas na corrente invisível rumo ao mar em fluxo calmo, igualmente invisível, mas intenso estão aos seus pés.
E o fluxo contínuo passa por ele jateando, massageando, desequilibrando e movendo as pedras sob seus pés. E ele caminha para o mar.
Na foz, de costas para o rio, contempla a imensidão. Desequilibra-se. Tomba. Tenta se segurar em vão.
Onde estão as pedras? Aquelas pedrinhas redondas que moldavam a concavidade dos meus pés onde estão? Só céu e oceano agora!
Nadar é o que resta. Os pés não pisam mais. Flutuam e batem auxiliados pelas mãos que quebram as correntes.
Ele nadou e pairou no horizonte. Avistou um rochedo e subiu nele. Olhou de lá a terra. Caminhava na areia até a floresta. Os espinhos e os mosquitos o atormentavam. As folhas secas estalavam. Onde estava a rigidez das pedras?
Ouviu um murmúrio. O ar estava úmido. Pisou num tapete molhado. Novamente as pedrinhas. Sentiu-se bem, porém mais velho. Fincou os pés na Rocha. Seus pés descansaram e os olhos trabalharam encantados.
São Gonçalo, 21 de março de 2012.