Neguinho Babaçu – Tribo de Jah




Naquele dia, o céu amanheceu nublado com respingos de luzes distantes no fim do horizonte cortado por diversos mares e oceanos de palmeiras de babaçu. Um grande lençol verde sobre a terra abençoada por Deus e desprezada pelos homens na manutenção do bioma sustentável, nasce o panorama inesgotável da natureza virada pro céu. É ali, em Cururupu, onde o sapo cururu irradiava nas lagoas com melodias noturnas e o descaso governamental atual na boa gestão de um município por onde La Ravardière um dia pisou no solo árido. Abrolhando a desesperança estarrecedora dos olhares que navegam aos céus à distância. Do desleixo e insensibilidade moralista numa nuvem única e nebulosa, faísca a viagem como um trem que nunca sai do lugar ora mergulhado no pacifismo de um povo trabalhador. Tudo isso, são passos da nossa política com ótimas eleições, normas e leis que à época da eleição uma nota de cem reais enlouquece aquele pequenino trabalhador e cidadão. Eis que o torrão brasileiro estar superlotado de municípios desse naipe melindroso, onde o dinheiro faz a diferença de classes e impõe o poder. E nesta nau, vão milhares de cegos analfabetos que visualizam uma promissora mudança em cada alvorecer aos seus filhos e apadrinhados. O berço da saúde e a educação são mangas que caem da árvore ao despreparo do futuro e pobreza.

Importante frisar, que os logradouros públicos parecem mais com aquelas cidades miseráveis da África, onde o lixo é acumulado nas ruas e avenidas e os animais tomam o centro da cidade. Meninos homens põem asfalto nas ruas do centro de condições miseráveis que alguns cururupuenses adotam como codinome “Sonrisal” . Com apenas um pingo de água da chuva, dissolve-se com as criações de crateras iguais à de marte e Lua.

Assim, Cururupu fica centrada na ala litorânea maranhense, tendo como primeiros habitantes os índios tupinambás que desapareceram da grande taba pelos conflitos, dominação e guerras. Com o colonialismo, vieram às grandes fazendas com a escravidão do povo africano da Costa do Douro e Daomé da Guiné.
Noutros emblemas da cidade, são os pontos turísticos como a Floresta dos Guarás, Reentrâncias Maranhenses e com atrativos naturais o Parque Estadual Marinho do Parcel do Manuel Luís com 45.937,9 hectares com uma distância de 50 milhas da Ilha dos Lençóis com um manto branco de areias e fluindo com inumeráveis paisagens onde os olhos se perdem com a beleza enigmática e sedutora.

A cidade pacata de Cururupu é banhada pelas águas do Caribe, onde as ondas recheadas da Jamaica invadem com musicalidade e parecem grandes navios soando por toda a urbe o reggae com suas potentes radiolas. Como troféu e tanto exultam, vem a “Pantera Negra” que balança a cidade com a Tribo de Jah, além de outras pedras de responsa. De outra banda, lá na Rua do Pinche ouve-se muito reggae roots.

Bem afastado do centro da cidade de Cururupu, numa localidade rural com apenas quinze quilômetros de distância, residia com sua mãe, a campesina Ducarmo, o pequeno Josivaldo de apenas doze anos de idade, de tez negra, conhecido com o codinome de “Neguinho Babaçu”. Era um moleque habilidoso, esperto e um bom filho, pois, era a única palma de sua voz materna que assobiava dentre a capoeira com Babaçu. Ajudando no cotidiano a pobre mãe, Neguinho Babaçu ou Baba quebrava mais de dez quilos de amêndoas após realizar a coleta dos cocos pela manhã de segunda-feira. A venda era certa e o dinheiro batia nas mãos do pequeno que trazia a miúda feira da semana.

A disposição de vencer os incríveis obstáculos que detém as pessoas enfraquecidas financeiramente, Neguinho Baba superava com orgulho ser um minúsculo chefe de casa, mantendo os atos da quebradeira com o suor derramado em seu singelo rosto. Ainda teve condições de comprar um pequeno radinho de pilha de marca chinês nas barracas de camelô no centro de Cururupu. E com o som emitido nas manhãs pela Rádio Mirante, o reggae contagiava no meio do capoeirão um fortíssimo reinado, aclamando as mais dóceis melodias o som com as melhores pedras da massa regueira.

Numa manhã, o filho do vizinho chamado Chico que desfrutava larguíssima amizade com Neguinho, procurou-o. Indagando:

-Dona Ducarmo! O Baba tá aí?

-Não, meu filho. Ele foi cedo pro capoeirão. O que tu quer com ele?

-Eu queria pedir emprestado o radinho dele.

-Olha Chico, o radinho está com ele.

-Obrigado dona Ducarmo, eu vou lá. Eu sei que ele tá naquela mata fechada do besouro verde.

Minutos passam, e Chico encontra Neguinho Baba debaixo de uma palmeira quebrando o coco com um afiado machado, acompanhando com a voz a melodia “Guerreiros Regueiros” da banda maranhense Tribo de Jah. Instantes em que Chico surge por baixo de uma moita de melão São Caetano, e exclama:

-E aí meu? Curtindo essa pedra de responsa, né? Eu também adoro a Tribo. Se eu pudesse não perderia nenhum show.

Cumprimentou Chico de surpresa.

-Fala bicho feio? Tu tá vindo de onde, Chico?

-Da tua casa Mané. Eu vim pedir emprestado o radinho. Empresta-me até sexta-feira? Logo, eu lhe devolvo. Talvez eu compre o meu ainda no sábado, depende dos trocados que eu receber.

-Pode levar Chico. O que é meu é seu, sem problemas. À noitinha vou passar na tua casa pra gente ir à casa da Mazé. O pai dela comprou um DVD zerinho da silva. E ainda deu de presente no aniversário dela um CD da Tribo.

-Cara é massa! Puts grilo! Vou dançar muito reggae maneiro. A mina é louca pra aprender a dançar comigo. E aí? A Sílvia vai mostrar a cara dela também. Só sei quando tocar a Tribo, eu vou me enlouquecer e dançar à bessa. Essa pedra vai arrebentar pra dedel.

Disse Chico, sentado no lombo de uma palmeira caída.

-Isso mesmo. A tijolada é quente e segura, bota coisa nisso. E a Júlia? O que achas?

-Ela não sabe quebrar. E também nunca aprendeu a marcar. Mas, é uma mina sensual, talvez o melhor disco legal que tem por aqui.

-Não tô bem inteirado, mais a Gina do Gadelha, é uma gata massa, sabe bater legal. Eu tô sempre na pontuação dela. E fico estiloso quando ela dança comigo.

-Negão, tu é invocado mesmo. Tá querendo ficar no pano.

-Viu Chico. Eu vou lá. Mais o irmão dela não pode tá queimando a música. Fico chateado quando isso acontece, deixa rolar, né?

-Verdade. Ele gosta de carimbar até parece um boqueirão, uma verdadeira tesoura.

-Sabe... A minha maior vontade é fazer umas batidas na Pantera Negra numa
sexta-feira. Se a condição me ajudasse, eu iria lá mostrar como se dança uma pedra. Eu iria deixar toda a nação regueira no salão com ciúmes.

-Você bate bem quando toca uma pedra do passado. Então, eu te vejo lá.

Sem demora, o amigo partiu. Passaram-se alguns meses, os dias foram transferidos com o nascer do sol e mudanças radicais traduziram novos destinos com a queda diária das amêndoas de babaçu. E neste dia, ainda sem tomar café, Nego Baba estava quebrando as amêndoas quando Chico se aproximou do amigo, e disse:

-Nego Baba! Eu estou indo embora. Vou pra Jamaica da Ilha do Amor.

-É isso mesmo?

-Sim. A minha tia que mora no bairro da Alemanha chamou a mãe pra morar com ela. E eu vou. Não fique triste, Neguinho Babaçu. De lá vou mandar as minhas notícias pra você. Eu também choro em deixar o meu maior amigo e minhas lembranças não irão se perder.

Calado, Nego Baba derramou as gotas incolores que medem o cordão de uma amizade, esfregando com a mão direita os olhos que não paravam de formar imensas lagoas. Inconformado com o despejo de lágrimas, Chico abraça e diz:

-Nego! Eu nunca vou esquecer de você. Aonde eu estiver vou pensar em você como meu irmão. Aqui não dá pra gente ser alguém. O coco babaçu tá acabando e os ricos estão comprando todas as terras pra plantar madeiras pra celulose e soja. Ficar aqui é morrer de fome e não ter um centavo pra comprar um remédio. Lá, eu vou estudar e trabalhar e curtir um reggae no final de semana.

Ainda chorando pela surpreendente notícia, Nego Babaçu suspendeu a camisa rasgada e limpou a face molhada, e disse:

-Tudo bem. Eu só quero lhe pedir uma coisa...

-Fale Nego.

-Se você ver o Fause Beydoun da Tribo de Jah. Não se esqueça de perguntar se ele recebeu as minhas cartas que mandei para o Programa Rádio Reggae da Rádio Mirante?

-Não vou esquecer. Ele nunca respondeu no ar do programa as suas cartas e nem mandou um alô pra nossa galera de Cururupu. Se depender de mim, eu vou lhe ajudar a ser um grande DJ. Toma aí o endereço da minha tia em São Luís. Guarde num lugar seguro, talvez um dia você vai precisar. Adeus amigo! E saiba que vou levar no meu coração todas as nossas lembranças.

-Chico, eu vou me lembrar de você todos os dias, e quando eu ouvir as pedras. Vou sentir você aqui no peito. Podes crer!

A melancolia se expandiu no meio da mata de cocais, e os dias foram ofertaram o conforto ao menino do capoeirão de Cururupu. As letras do menino regueiro enviadas à Rádio Mirante 96,1, em São Luís no programa Rádio Reggae do Fause Beydoun (vocalista) da Tribo de Jah.

Esta é a maior e única banda brasileira de reggae que teve origem na Escola de Cegos do Maranhão. E na mais interação dos destinos, os quatro integrantes que são cegos e um têm apenas uma visão parcial difundiu em todo o Maranhão o verdadeiro reggae.

Carta enviada pelo Neguinho Babaçu ao vocalista Fause Beydoun

"Cururupu, 14 de novembro de 2005
Para o Programa Radio Reggae
Da Rádio Mirante,

Ao amigo Fause da Tribo de Jah

Como vai Fause? Esta é a terceira carta que envio. Eu sou morador do interior de Cururupu e todos os dias eu ouço o seu programa Radio Reggae. Com a venda do coco, eu comprei um radinho de pilha. Somente assim, não perco um programa. Aqui sou o maior requeiro e as minas me admiram de montão, viu?
Olha, eu sou um menino que trabalha quebrando coco pra ajudar a minha mãe que ganha pouco. E também quebra coco pra viver. Adoro suas melôs e quero conhecer você e a Banda Tribo de Jah. Aqui em Cururupu só rola o seu reggae, e gosto também da batida Guerreiros Regueiros, é massa.
Eu nunca fui à Ilha, mais conheço todas as pedras de responsa, radioleiros e radiolas como a Itamaraty e outras. Fause, suas músicas me dão força, paz e esclarece muitas verdades. Quando eu crescer, eu vou ser um DJ e gostaria que você me ajudasse, eu sou pobre. Quando eu montar a minha radiola na Ilha, vou colocar o nome de Upaon-Açu. Vou fazer a maior parede de som e posso pagar tocando pra você.
Aqui termino, esperando você mandar um alô pra mim. Não esqueça de falar Neguinho Babaçu ou Nego Baba.
Também mande um alô pro Chico, Gina, Júlia e Mazé, eles estão na escuta.
Até mais,

Assina

Nego Baba”


As folhas das auroras edificaram novos horizontes, guardando as lembranças nos cofres dos ouvidos da sabedoria dos tempos com maestria. O menino já contando com dezesseis anos acordou a mãe com o barulho de três tratores que invadiam o pequeno casebre de palha e paredes de barro. Apressados, ouviu naquela maldosa manhã, a ordem judicial expedida pelo juízo da comarca de Cururupu nas mãos do Oficial de Justiça, acompanhados de quarenta policiais para abandonarem o local. Esclarecendo o meirinho que um grande fazendeiro havia comprado as terras e que a citação dos posseiros havia sido publicada por edital e julgados revéis.

Aos prantos, o menino Abraçou a mãe, juntou apenas uma mala com as únicas peças de roupas, e saíram marcando o solo cruel e fedorento da ganância dos que se enriquecem com as podridões da Justiça terrena. E edificam as incorporações dos investimentos que rendem mais dinheiro do que agasalhar o trapo nojento da sociedade – NEGRO. Assim, entendem e retalha a liberdade dessa cor que a coletividade universal traduz na mais bestial classificação de direitos, onde o ar que exala no corpo humano jamais dividiu os homens.

A miúda família desgastada rompe os trilhos dos passos céleres à cidade nova, à vida adolescente embriagada pela fatalidade que cruza e mastiga as horas com o tempo. Encontrando no meio do caminho na direção do município de Cururupu, uma senhora abre o leito vermelho da bondade que bate no peito, levando a mulher idosa e o menino negro para morar em sua casa.

Os dias passam, e o menino conversa com a mãe, dizendo:

-Mãe! Tenho que viajar e trazer dinheiro pra senhora. Eu não sei o que a senhora vai fazer. Mas, a senhora só sabe mesmo é quebrar coco, Aqui na cidade não tem palmeira e muito menos emprego. Tudo que se compra é com dinheiro, e sem ele não dá pra gente viver. Nunca sentimos tanta pobreza e destruição em nossas vidas. Eu tenho que trabalhar, e vou para onde o Chico. Assim que chegar eu trabalhar venho trazer dinheiro.

-Que Deus te ouça meu filho. Seja sempre obediente. Não beba e não fume e não se perca na vida que se apresenta. Fuja das más amizades que Deus abrirá sempre uma porta.

-Mãe! Eu não vou chorar. Mais aqui dentro jorra um poço cheio de lágrimas. E o meu amor é tudo o que tenho dentro de você. Estando na Ilha, será mais fácil eu falar com o Fause da Tribo. E tenho certeza que ele vai me ajudar. Eu sonho muito com isso. Eu vou pra Cujupe e de Cujupe pego um ferry boat até a baía de São Marcos na Ilha do amor.

-Deus te ouça! E realize seus desejos e faça de ti um homem de bem.

-Bênção mãe!

-Deus te faça Feliz!

Chegando na Capital do Reggae, o menino chegou ao bairro da Alemanha, encontrando-se com o grande amigo de sua vida – Chico, o qual fez grande recepção com uma pedra de responsa da Tribo de Jah – Regueiros Guerreiros. E diz ao amigo:

-Agora, você vai trabalhar comigo. Vai ser legal. Olha! Eu sou flanelinha no centro e sindicalizado. Atualmente, eu faturo uma grana boa por dia. E ainda pertenço ao Sindicato dos Guardadores e Lavadores Autônomo de Veículos Automotores de São Luís. No final de semana vamos curtir aquele Reggae na Itamaraty.

-Poxa! Você não mudou mesmo. É o mesmo Chico.

Sem demora, já contando mais de dois meses, Neguinho Babaçu já havia realizado oito viagens à Cururupu, levando dinheiro à mãe. Na manhã de segunda-feira, enquanto Nego Baba lavava um carro e ouvia um som de reggae. O amigo grita:

-Nego Baba! Nego Baba! Veja. É o Fause. Ele vai passar aqui pertinho de nós.

-Sim. Meu Deus! Não pode ser!

E num passo de mágica, Nego Baba grita:

-Fause, sou eu. Neguinho Babaçu.

Uma multidão cercava o vocalista da Banda Tribo de Jah, acompanhado do tecladista Frazão, José Orlando – vocalista e percussão, Aquiles Rabelo e João Rodrigues – Bateria, e novamente, o menino grita:

-Ei Fause! Sou eu, Neguinho Babaçu.

Ali, por cima, o astro do reggae e demais participantes da Banda, olharam ao fundo da multidão o grito do menino de Cururupu. Naquele momento, Fause abriu com os braços entre a multidão e foi abraçar o garoto que havia enviado várias cartas quando mantinha no passado um programa de Rádio Reggae na Rádio Mirante.

-Fause, não era você que fazia o Rádio Reggae. Você ainda se lembra de mim? Eu sou o Nego Baba de Cururupu.

Abraçado com o garoto, Fause disse, sorrindo:

-Claro que eu me lembro. Não mandei o seu alô no ar, pois o meu programa era gravado. Li e guardei todas as suas cartas que me comoveram muito. Os nossos compromissos com shows e viagens nos têm afastado da Ilha, apesar de que estamos fazendo shows internacionais e o tempo é pequeno. Vou deixar o meu telefone e o endereço pessoal, procure de imediato a minha assessoria. É um compromisso meu e da Tribo de Jah em realizar o seu sonho. Não se preocupe que vou fazer o que me pediu. É uma honra poder lhe encontrar aqui na Capital do Reggae.

Sorrindo, Neguinho Babaçu ficou contente com tudo que acontecia e o amigo Chico confirmou o que já havia dito antes.

Numa certa madrugada, os dois vindos da noite regueira, foram surpreendidos com uma viatura policial que parou à frente, policiais armados atiraram nos dois, tendo Chico apressados os passos e curvado o corpo ao lado de uma árvore, para não ser atingido pelos disparos, fugindo. Distante, Chico observava a crueldade em que os policiais o encostavam à parede. E empunhavam chutes no meio das pernas. Caindo com dores e gemendo, um dos policiais, desferiu uma coronhada na cabeça de Nego Baba, explodindo o sangue inocente da alma que rebatia na longitude dos sonhos em que a vida, às vezes é uma desgraceira. E o poder é a podridão dos poderes organizados titulados com fé. Logo, os algozes pegaram o corpo do sonhador e levaram para o outro universo desconhecido, onde as manchetes não escrevem e os jornalistas ficam cegos.

Naquela manhã, Chico não consegue mais andar, ali adormece. Após algumas semanas, ele procura a assessoria da Tribo de Jah e relata o acontecido.
Após um show da Tribo de Jah em Cabo Verde, na África, Fause tomou conhecimento através da assessoria, e lagrimou. Como presente eternizado compôs a melodia Neguinho Babaçu.

Letra: Neguinho Babaçu

"Esta é só uma história casual que ficou guardada na recordação
E que se confunde com a própria história do reggae no Maranhão
Um dia, um menino mandou uma cartinha muito interessante
Para o programa Rádio reggae, da rádio Mirante
Garoto muito inteligente, cartinha super bacana
Dizia que não perdia um só programa
Vivia com a mãe que ganhava muito pouco
Porque morava no interior e era quebradeira de coco
Em algum lugar da baixada perto de Cururupu
Por isso pessoal lhe chamava de Neguinho Babaçu
Dizia que conhecia as pedras e os nomes dos cantores de projeção
As feras do reggae e as melhores radiolas do Maranhão
Queria uma oportunidade, o seu sonho era ser DJ na Ilha
Apesar da sua idade, já tinha um radinho de pilha
Pediu que lançasse um melô com seu nome, melô do Neguinho Babaçu
E que se tivesse uma radiola se chamaria sonzão Upaon-Açu
Homenagem à Ilha regueira, capital do reggae na Jamaica brasileira

Nego baba, nego
Neguinho babaçu
Queria ser DJ na Ilha de Upaon-Açu

Sonho de um menino do interior
De seguir seu destino, ter o seu valor
Sonho de um menino que se revelou
Por força do destino, cedo se transformou
Um bom tempo se passou e um certo dia
Andando pelas ruas do centro, não me lembro bem aonde ia
Um rapaz me parou e perguntou se era eu que fazia
O programa Rádio Reggae que ele sempre curtia
Queria que mandasse um alô
Pra ele e toda a moçada ali do setor
Disse que ouvia o programa desde menino
E que uma vez enviou uma carta em meu destino
Mas tinha vindo trabalhar na capital
Porque sua mãe tava muito mal
E como não tinha emprego certo
Tava dando um trampo ali por perto
Lavando carros e levando uns trocados quando dava
E que ali era conhecido como Nego Baba

Nego baba, nego
Neguinho babaçu
Queria ser DJ na Ilha de Upaon-Açu

Mas depois de algum tempo, estranhamente, ninguém mais viu Neguinho Babaçu
Um amigo seu dizia que ele cogitava muito em ir para o sul
E que talvez tivesse ido porque realmente tava sumido
Sempre foi um cara tranquilo, gente fina demais
Um rapaz de princípios, um cara capaz
Tinha o maior cartaz com as gatinhas
Grande admiração, pela presença que tinha
E de como sabia dançar um reggae no salão
Mas soube-se que um dia ele voltava de um som e quando vinha numa boa
Não sei se no bairro do João Paulo ou ali pela Jordoa
Foi abordado por quatro elementos armados
Que desceram de um carro ao seu lado
Seu colega, pressentindo o perigo, saiu voando
Mas ainda viu de longe que ele tava sendo interrogado
Perguntaram de onde ele tinha saído
E diziam que era regueiro e que todo regueiro era bandido
Levou umas porradas, queriam para ele abrir o jogo
Entregar logo a parada, não se fazer de bobo
Mas ele não sabia de nada
Disse que tava sendo confundido
Aí levou uma coronhada
E embarcaram ele no carro
Rumo ao desconhecido

Nego Baba, nego
Neguinho babaçu
Queria ser DJ na Ilha
De Upaon-Açu

Nego Baba. nego
Neguinho Babaçu
Será que se
Perdeu na Ilha
Ou se mandou pro sul

Sonho de um menino do interior
De seguir seu destino, ter o seu valor
Sonho de um menino
Que se transformou
Por força do destino
Não se realizou".



Vídeo indicado:

http://www.youtube.com/watch?v=S4CMWzo06c0&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=32_moJz1YGU

Crédito: Imagens do google


ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 25/03/2012
Reeditado em 29/11/2012
Código do texto: T3576081
Classificação de conteúdo: seguro
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