O que VOCÊ pensaria? (dentro do ônibus)

Você já pensou quantas vezes pensamos no “se”, se tivesse chegado mais cedo... se tivesse estudado mais... se eu não tivesse ido para aquela festa... é “se” pra lá, é “se” pra cá, você não acham?

Vamos pensar numa situação bem rotineira: Você vai pegar um ônibus, está na parada esperando, há mais de meia hora, por que todos os ônibus que passam estão superlotados, então você decide: “O próximo eu pego.”

Então finalmente chega seu ônibus, você dá sinal e ele pára. Você está de frente para a porta de entrada e quando ela abre, você vê as pessoas quase caindo pela janela de tão lotada, umas gritam lá dentro que aquele ônibus ta parecendo uma lata de sardinha, a pessoa que está na beira da porta, diz que ali não tem condições de entra mais ninguém, mas você decide será que você entraria?

Desiste de pegar o ônibus, dá sinal para o motorista, mas ele não vê é lógico o ônibus estava lotado. Então você diz de novo: “O próximo eu pego”; mais sete minutos esperando e então finalmente chega o ônibus dos sonhos, com no máximo dez pessoas, e com vários lugares vagos.

Atrás de você entra um homem estranho, com uma caixa de guitarra na mão e uma bolsa verde escura. Lá na frente está uma mulher de quimono, um pouco mais atrás desta uma mulher com um filho no colo, um rapaz forte e de camiseta está próximo um pouco mais à frente da mulher com bebê, então você começa a observar cada pessoa que se encontra dentro do ônibus, quais serão os nomes deles? Por que motivos estão pegando aquele ônibus? Aí você olha novamente para o homem com a caixa da guitarra e se ele for uma assaltante dentro daquele caixa está uma grande arma, é isso ele é um assaltante e a caixa é só um disfarce para carregar a arma sem ser notado.

Ele vai se levantar, apontar a arma para a mulher com o bebê e vai ameaçar atirar nela se todos não entregarem seu dinheiro, algumas pessoas entregam seu dinheiro e outras não, ele vai fazer isso algumas paradas antes de cruzarmos pelo parque nacional, mas algumas pessoas ainda não entregam, ele passa a ameaçar o motorista e aos poucos as poucas pessoas que faltavam entregar seu dinheiro começam a entregar. E se a mulher de quimono reagisse, seria uma bela briga, talvez ela fosse faixa preta de alguma arte marcial mas aí iniciaria um tiroteio dentro do ônibus e talvez acidentalmente um tiro acertasse o motorista que acaba morrendo e o ônibus indo direto para a lagoa no centro do parque nacional. E se a mulher de quimono não fosse faixa preta e sim faixa branca, não haveria tiroteio, nem o ônibus iria parar na lagoa do parque nacional.

Mas e se ele não tivesse apontado a arma para a mulher com uma criança no colo e sim diretamente para o motorista será que todos tinham entregado o seu dinheiro? Acho que sim. Não, ele não apontaria a arma nem para o a mulher com um bebê, nem para o motorista primeiramente. E se ele apontasse para a mulher a minha frente que está lendo um livro? Talvez o rapaz de camiseta que estaria atrás do assaltante, já que ele estaria prestando atenção na mulher a minha frente, quando visse que ele estava um pouco distraído e dando uma de corajoso iria para cima do assaltante, mas aí acidentalmente a arma dispararia e acertaria a pessoa logo atrás da mulher que está lendo, ou seja, você.

Já estou vendo as manchetes nos jornais: “Professor morto por assaltante no ônibus na linha 39”, (isso para caso você seja professor) Você será velado em seu colégio, e vários alunos, colegas de trabalho, além de seus familiares todos presentes no velório. Ou então a profissão será “Estudante é morto por assaltante no ônibus na linha 39” aí então só os seus mais íntimos amigos estarão no seu enterro e mais a sua família é claro, depois de 7 dias outros colegas seus estarão comentando: “você soube fulano morreu...” e talvez alguns pensem, “droga e ele nem me deu a última questão do exercício para copiar, com quem arranjarei agora?”

Não o rapaz não iria atacar o assaltante, e se quem atacasse fosse o velhinho que está à frente da mulher que está lendo um livro. Ora ele pode ter sido um comandante da força aérea, e mesmo velho ainda tem a força de um jovem, ele iria atacar com sua bengala a arma do assaltante e dá-lhe um soco na cara, a arma iria por sorte voar e sair da janela, então todos do ônibus iriam bater no assaltante.

E se o velhinho não fosse ex-comandante da aeronáutica? Se fosse apenas um velhinho com sua bengala indo para casa de seu filho para vê-lo, talvez fosse pára reencontrara seu filho depois de mais de 10 anos sem vê-lo e iria tomar uma surpresa com o tamanho que seus netos já estariam.

É isso o assaltante iria ameaçar o velhinho, verá que ele não tem como reagir além se ser mais comovente atacar o velhinho, mas aí o rapaz de camiseta iria atacá-lo e quem iria morrer seria a pessoa atrás do velhinho, portanto a mulher que está lendo o livro. Espere! E se o rapaz de camiseta não defender o velhinho? E se ele só fosse defender se fosse a mulher que está lendo o livro que estivesse em perigo aí então o assaltante pediria para todos que entregassem todo o seu dinheiro e se alguém não entregasse ele iria além de atirar no velhinho, iria para perto do motorista e ameaçaria, mas aí já teríamos passado pelo parque nacional e não teria mais risco de cairmos na lagoa mesmo depois do motorista levar um tiro.

É isso! Nem todos dão o dinheiro ele mata o velhinho, que com o ônibus andando rola para seus pés, o sangue começa a encharcar seus sapatos enquanto que ele se dirige para o motorista, mas o motorista é esperto e antes que ele chegue até ele faz uma curva e o assaltante cai, perde sua arma. O que dá espaço para a mulher de quimono, que é faixa preta, ataque sem o risco de levar um tiro. Depois do ataque da mulher de quimono o assaltante rola e pára nos pés do rapaz de camiseta que o ataca mais ainda e ele fica inerte no chão. Aí acaba a história mas ainda assim o velhinho morreria.

E se depois que a mulher de quimono atacar o assaltante ele recuperar a arma e matá-la antes que o rapaz de camiseta pudesse fazer alguma coisa? Não. Seria mais sangrento ainda, aí teríamos a quase vitória do assaltante, já que ele teria conseguido algum dinheiro, mas teríamos duas mortes, a do velhinho e da mulher de quimono.

O motorista consegue fazer com que ele caia depois de uma curva fechada, mas a mulher de quimono não ataca. Quem ataca é a mulher que está com um bebê, ela deixa seu bebê aos cuidados do senhor que está fumando (que estava ao lado dela o tempo todo), e antes que o assaltante recupere o equilíbrio ela o empurra e ele cai com a arma na mão, mas antes que se levante ela esmaga a mão que ele está segurando a arma e o chuta, vitória do bem novamente, mas ainda assim o velhinho estria morto.

Não. E se depois que o rapaz estranho abrir a caixa que deveria ser da guitarra e que na verdade deve ter uma arma muito grande o rapaz que está fumando ao lado da mulher que está com um bebê também mostrasse ma pistola totalmente carregada? Eles seriam cúmplices ou inimigos?

Inimigos. O rapaz que está fumando é um policial em atividade e super honesto, que não agüenta ver injustiça e dá o primeiro tiro no assaltante. E se ele errasse iria atacar o rapaz atrás do assaltante, o rapaz de camiseta. E se ele acertasse o braço que o assaltante estava segurando a arma então e talvez a mulher que está lendo o livro, não fosse uma mulher qualquer fosse uma agente disfarçada da força de inteligência nacional treinada para situações de alto risco e fosse em direção ao assaltante e o vencesse.

Acho que a mulher que está lendo não deve ser uma agente da força de inteligência nacional disfarçada. E se o policial errasse o tiro, e o motorista, que é muito esperto, fizesse uma curva fechada e em seguida dá um freio talvez o rapaz de camiseta não fosse atingido já que o seu corpo inclinaria para frente, por causa da freada brusca, e o tiro iria sair pela janela, podendo acertar em alguém ou não. Mas o policial errando o tiro o assaltante iria atirar, o tiro dele podia acertar o policial, a mulher com a criança no colo ou até mesmo a própria criança.

E se o homem que está fumando fosse cúmplice do assaltante, quando ele visse o colega retirando sua arma, ele retiraria sua pistola e colocaria na cabeça da mulher com o bebê no colo, enquanto que o outro declararia assalto e ia em direção ao motorista e se nem todos não entregarem seu dinheiro o motorista e a mulher com o bebê iriam morrer, o motorista morto, talvez entrássemos no parque nacional e caíssemos dentro da lagoa, isso porque o assalto seria declarado por volta de duas paradas antes de cruzarmos o parque nacional. Sendo dessa forma nem a mulher com quimono, nem o rapaz de camiseta, nem a mulher que está lendo o livro, nem o velhinho poderia atacar os dois assaltantes.

E se o rapaz com a caixa de guitarra não fosse assaltante nenhum, quem sabe se o assaltante não é o velhinho (ex-comandante da aeronáutica que quer se vingar das outras pessoas por motivos pessoais), ou a mulher de quimono, que é faixa preta, e líder de uma organização criminosa. Não, quem sabe se o líder a organização criminosa não fosse o rapaz de camiseta que, inclusive, é procurado pela polícia de cinco países. E até por que não dizer da mulher com o bebê, ele é uma espiã de um país distante, que está no Brasil para obter dados sobre algumas pessoas – a mulher que está com o livro para ser mais exato – ora a mulher que está lendo o livro pode ser uma agente da força de inteligência nacional disfarçada, ou até mesmo esta última é que pode ser a assaltante, está lendo um livro e esperando o ônibus lotar um pouco mais para tirar da bolsa um revolver e declarar assalto. Qualquer um pode ser suspeito.

Espera! E se você não tivesse pegado este ônibus e sim, o ônibus lotado? Quem sabe o que encontraria lá? Uma revolução fosse feita dentro do ônibus para proibir a superlotação do transporte público. Ou até então achar um bilhete premiado da loteria no chão do ônibus, mas sem ter como pegar, passaria e muito do seu ponto só para poder se abaixar e pegar o bilhete e assim ser rico. Não ou melhor, você iniciaria uma revolução no ônibus, depois de ver uma mulher com um bebê nos braços no meio do ônibus desesperada para sair, mas por estar tão lotado não conseguia chegar até a porta dianteira e pedia desesperadamente para o motorista abrir a porta do meio e ele se negava.

E se no meio deste ônibus, mesmo lotado estivesse um assaltante, quem levaria um tiro? Quem, num ato de coragem, tentaria enfrentar o assaltante? Paranóia? Mania de perseguição? O que VOCÊ pensaria?

Bruno Edson
Enviado por Bruno Edson em 28/01/2007
Reeditado em 15/07/2007
Código do texto: T361532
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