Desabafo

O senhor nunca me ouviu. Conselhos jamais me deu. Apenas me abandonou, deixando-me em uma confusão de pensamentos, sozinha. Pai, porque me abandonastes. A vida é uma punição sem fim, e o sonhar em um pesadelo, e viver sem de fato existir, a ausência de significados, a ausência de tudo. Tudo se perde, e o que nos resta é o sabor amargo dessa vivência.

Por quê?

Por quê?

Eu lhe pergunto. Por amor?!

Por amor, uma mãe aborta um filho acéfalo. Por amor, um pai rouba dinheiro para dar de comer aos filhos, por amor uma prostituta vende o corpo todas as noites?

Poupe-me...

Poupe-nos desta reles existência. Medonha e banal...

Porque, pai?

Pai, não há sentido em nossa existência, e não adianta postar mensagens bonitinhas no facebook, pois não vai adiantar... É tudo vazio...

E também não adianta dizer que o problema é comigo, pois consultei meu psiquiatra, e ele disse que sou normal. Mas, perai, o que é ser normal?

Você vive me escrevendo, dizendo o que eu devo fazer, como devo me vestir, o que devo comer, com quem sair, como devo me sentar, como devo escolher pra quem irei dar...

Pai, me poupe...

Eu cansei de seguir as suas ordens...

Cansei de ser a menininha bozinha, que faz todas as lições de casa...

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 17/04/2012
Código do texto: T3618656
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