Num Domingo à Tarde.

Fiz uma longa digressão enquanto escovava os dentes... O tempo entre o fim dos anos 90 e início dos anos 2.000, o que me deu a impressão de estar ficando um pouco antigo, já que carrego nítidas recordações desde o ano de 1.983...

Como bem vinda, a chuva desta manhã de abril veio carregando a friozinho, lavando resquícios da poeira do carnaval. Afinal, abril é o mês do banho espiritual, da “renascença”.

Hoje, mais um dia de luta; ontem também e amanhã certamente. Disto não há fuga. É bom aproveitar.

Foi no domingo passado que quase passei desta para aquela à qual desconhecemos. Agradeço ao pessoal de casa, principalmente, e da Santa Casa de Misericórdia de Poeirópolis pelo pronto atendimento. Àquela enfermeira que não sei o nome, obrigado!

Uma intoxicação com lingüiça podre me fez vomitar ininterruptamente por cinco horas aproximadamente, momento em que perdi as estribeiras e não conseguia mais nada a não ser agonizar na cama, num calor infernal de quartas de final de campeonato paulista, debaixo dos cobertores, sem mais nada pra vomitar e com contrações atemorizantes. Um filme de terror. Quando comecei a tremer os lábios e a ter espasmos, minha mulher resolveu me levar. Agora sei o caminho da morte! Lingüiça podre, coisa que possivelmente jamais voltarei a sequer cheirar. Vomitei trinta e oito vezes, tudo o que tinha e não tinha no bucho. Esvaziei o carburador. Do avesso, fodi-me! Por sorte ainda estou aqui escrevendo estes míseros lampejos de um solitário. Coisa braba mesmo. Ainda por cima dei vexame no hospital, urrando feito um porco velho em véspera de ser assassinado nos festejos natalinos. Vomitei num balde que ficava ao lado da cama. Com soro e dramin na veia, sem poder me virar por inteiro, disseram que meus urros de ânsia de vômito assustaram as pessoas que passavam, que perguntavam:

“O que está acontecendo com o rapaz?”

Mais uma vez quiseram chamar o padre. Sempre que isso ocorre, o que é raro, penso que a coisa realmente está feia, e que morrer é tão rápido e corriqueiro como fazer a barba num domingo à tarde...

SAvok OnAitsirk, 29.04.12.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 29/04/2012
Reeditado em 29/04/2012
Código do texto: T3639449
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