A FALHA NÃO-INTENCIONAL DE SÃO CIPRIANO (CONTO)
Por volta de 1915, logo após Tabocas tornar-se Itabuna, emancipando-se politicamente (desmembrando-se de Ilhéus), havia um modesto fazendeiro de cacau, chamado Coronel Félix (mui ordeiro, respeitado), porém de personalidade forte e polêmica, e que não tolerava falsidades. Era um homem cafuzo e seguidor de São Cipriano.
Ambíguo como a lenda de esse tal santo, já que não se sabe ao certo se era divino ou bruxo, Coronel Félix, após cometer assassinatos, rezava e envultava, transformando-se em objetos, enganando a polícia quando o perseguia. Após a proeza, ria com sarcasmo das trapalhadas dos policiais, pois em certa ocasião, pensaram até que Coronel Félix era um pilão que estava no quintal...
Perseguido noutra época, invocou a proteção do santo, convertendo-se numa planta chamada cipó-do-mato, rica em água. Depois de andarem a manhã inteira sob um sol escaldador de verão, um policial que se assinava como José Lins, sedento em demasia, puxa uma faca e corta o cipó. Em vez de água, escorre sangue, pois na verdade havia decapitado Coronel Félix. Traído pela eficácia do poder do santo, parte então de essa vida para uma melhor...