JUSTA DIVISÃO

Depois de uma longa estiagem, seu Pedro quase nada tinha para alimentar naquela noite, sua esposa e seus cinco filhos. Restavam-lhes apenas um pouco de azeite, farinha, sal, açúcar e um ovo. Chamou sua esposa e começaram a conversar para divisão daquele alimento. Dona Ana aconselhou-lhe que aqueles ingredientes dariam um bom pão que certamente saciaria a fome de todos. Sr Pedro tinha uma grande preocupação: saciar a fome de toda sua família por três dias com apenas aquelas parcas poções.

Depois de meditar bastante resolveu seguir o conselho de sua esposa, pois os filhos já choravam e reclamavam por alimento. Chamou Dona Ana e mandou que preparasse o pão. Assim ela fez. Enquanto ela preparava a massa, ele cortava lenha e preparava o forno para assar o pão.

Enquanto o pão assava seu Pedro pensativo, dividia o pão em pedaços para alimentar sua família.

Primeiro pensou em dividir em três pedaços: um maior para si e outro maior que o terceiro que ficaria para D. Ana. Seriam três dias de espera, ele comeria um pedaço durante os três dias, sua esposa o outro e o terceiro ficaria para os cinco filhos. Pensou, pensou e descobriu que certamente os filhos passariam fome durante aqueles dias, mas ele, o pai, era quem teria que trabalhar para conseguir mais alimento, era justo ficar com a maior parte; Dona Ana já era mulher de trabalho e cuidar de cinco crianças certamente despenderia muita energia, merecia aquele outro pedaço.

Em seguida pensou que seria melhor dividir o pão por pedaços de acordo a idade de cada um. Era justo quem é mais velho come mais; mas não achou também acertada essa sua divisão. Com certeza haveria reclamações.

Resolveu dividir em três pedaços iguais; um para ele outro para D. Ana e o outro para os cinco filhos; mas ainda sua mente teimava em reclamar. Finalmente um dos seus filhos menores perguntou-lhe.

_Pai, o que o faz tão triste e preocupado? Não sentes que o pão começa a cheirar e parece estar delicioso? Vamos pai, vamos ver como está ficando.

O pai seguiu o filho e comentou com ele –Filho se tivesses uma maçã para dividir com os seus irmãos como dividiria? – o filho respondeu prontamente – cortaria em cinco pedaços iguais? Por que em cinco pedaços iguais filho?

- Porque ninguém teria que reclamar de mim, pai. Estaria sendo justo comigo e com os meus irmãos.

O pai olhou o pão e ele estava lindo, bonito e grande que lhe encheram os olhos.

Chegou o momento da divisão e uma coisa ele tinha certeza deveria dividi-lo em três pedaços iguais, correspondentes ao três dias. E isso fez. O filho se aproximou novamente e perguntou: - Pai, quer ajuda? E sem que o pai o respondesse ele tomou um dos pedaços de pão e dividi-o em sete pedaços iguais. Vendo a atitude do filho seu Pedro tentou detê-lo, mas ele lhe disse: Pai, é assim que faria com a maçã.

Durante aqueles três dias todos se alimentaram e ninguém passou fome. Ao final dos três dias a catropia do seu Manoel apontou na estrada. Mais uma vez seu Pedro trocou lenha por comida e abasteceu a sua casa.

Durante àquela noite D. Ana aproximou-se de seu Pedro e lhe disse: Meu velho fostes justo, tomaste uma justa decisão. Estavas preocupada como poderíamos com tão pouco alimento satisfazer nossos filhos. Todos comeram e os mais novos ainda deixaram pedaços que pode ceder aos mais velhos sem brigas. Todos estavam dormindo ressonando e o meu coração feliz, nestes dias. Com certeza não estávamos satisfeitos com o pouco que nos tocou, mas não sofremos fome, nem reclamações, nem tristezas. Aprendamos meu Velho, quando dividimos justamente as coisas, não sofremos com elas.

Certamente os sinais de uma justa divisão coletiva são difíceis de serem notados por todos, mas eficientes; enquanto uma injusta divisão coletiva, será sempre notada, tanto pelos que muito receberam, como pelos que receberam pouco

CARLOS MOREIRA
Enviado por CARLOS MOREIRA em 24/05/2012
Reeditado em 21/08/2012
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