Carta da defunta.

Quatro e cinco da manhã.

Quando acordei com um anjo sobre minha cama.

Ele me disse:-acorda aproveita sua última madrugada,sinta o último pôr-do-sol sobre seus olhos.

Levanta-te e viva seu último dia.

Não eu não havia sonhado,foi um fato.

Sentei sobre a cabeceira da cama e pensava sobre todos que eu amava;

Todos que existiram.

Não daria tempo de expor a todos o meu sentimento de partida;

Então fiz a carta para que mas tarde fosse lida.

Ressaltando que eu não era suicida e sim uma pessoa morta pela doença da vida.

Carta da defunta.

Aproxime-se do caixão a defunta deixou uma carta disse uma voz amiga.

-Vida,vida partiu de mim.

Quero dizer a você meu irmão Sebastião que mesmo no caixão sinto que se recorda da minha voz,e de quando eramos crianças e corriamos pela vida, de chinelo,com boca suja de chocolate, recorda dos socos e ponta pés.

Hoje chora sobre mim,sem saber para onde foi metade de ti.

Para você meu irmão Sebastião deixo a esperança de dias com sol.

Minha amiga Jesebel:-aproxime-se do meu leito de morte penteia meus cabelos,e reze pela minha'alma;

Para você Jesebel deixo a alegria de cada porre tomado,cada vinho virado,cada café amargo,cada chá gelado.

Meu caro José:-lhe amei perambulando pela vida foste meu único e intenso amor.

Vivi cada batida deste coração por ti ;

E antes de partir foi a ti que dediquei minha última lágrima;

Com o veneno da vida ,enchi meu pulmão de amor para que o último suspiro fosse dado olhando uma flor,uma pontada no peito e o seu mundo desabou.

Sobre a mesa José lhe deixo todos os cigarros fumados e todas as mortes adiadas pelo seu sorriso.

Minha querida Dália:-foi para mim a esperança dos dias mais longos,das noites mais perturbadas.

Era onde eu encontrava abrigo amigo,sobre seus olhos cansados e fadigados de amor fraterno.

Para você lhe deixo um amor não vivido,um peito partido e muitos anos vividos.

Para você minha querida mainha que chora sobre o leito,baixinho deixo a alegria de criança,a esperança,a sobrevivência,te deixo o mundo que pós em minhas mãos,quando me acolheu em seu ventre.

Para você Carlos minha paixão não vivida,deixo todas as minha insônias,de todas vezes que durmi ao lado de José desejando seu corpo.

Quero que desabroche meu desejo,que role e desenrole em uma cama quente com uma mulher ardente.

Que ranja os dentes de paixão que ficou perdida sobre a escuridão.

José,José fui infiel a ti desejei seu corpo com amor,mas o que eu queria era deleitar sobre Carlos sem amor nem pudor.

Confesso José que muitas vezes dentro de mim,confundi seu sorriso com o de Carlos por mero descaso.

Graça.

Socorro!!!estou Morta.

Graça junte todo ouro,regue as plantas do jardim e suma no mundo.

Monte um cabaré,viva esta riqueza,este fogo que sempre viveu com José.

Graça para você lhe deixo meu ouro e fogo , para que se arrependa,de ter traído a mim sempre deitando com José enquanto eu rolava na cama,de desejo por Carlos.

Irônia,depois da viver a vida em segredo exponho em morte meu sangue frio.

Minha amada e querida Sofia,saiba que Julião a trai com a Vadia da Esmeralda.

Para você lhe deixo sem querer,a vergonha da mulher traída.

Mas entenda Sofia.

Ou eu lhe conto,ou você deitará no mesmo leito que eu,achando que valeu a pena viver.

Deixo a você Sofia a realidade.

E a você Julião deixo meus pesares.

Pois Sofia sempre foi feminista e desde o colégio interno amou sobretudo Dália.

Dália ama Sófia.

Sófia,sofria por amar Dália.

Ninguém notou como elas sofriam.

Dália queria ser Julião,Graça vivia com José;

Carlos saía pelos fundos;

Mainha estava desmaida sendo cuidada por Sebastião.

Enquanto o boato se espalhava pela rua,o velório enchia ,minha pele esfriava.

E então quando fechou a tampa do caixão.

Eu poderia me revirar de rir.

Por ter parado a carta logo ali.

E uma voz me dizia:

-Maria ,Maria foste anjo e demônio.

Eu não sabia para onde eu iria;

Mas partia.

-Chorando de rir.

Socorro.

Graça havia levado meu fogo.

Isso quer dizer que vou para o céu?

Ou a carta vai me levar ao inferno?

POLIANA DE CARVALHO TEIXEIRA LIMA
Enviado por POLIANA DE CARVALHO TEIXEIRA LIMA em 07/06/2012
Reeditado em 29/06/2012
Código do texto: T3711233
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