A paixão e o amor

— Bom dia! Como estão as coisas?

— Tudo bem!

— E a paixão? Já chegou?

— Passou por aqui sorrateiramente. Talvez ainda volte!

— A que horas?

— Como poderia saber. Reservada como ela é!

— Como assim?

— Ela não costuma dar satisfações a ninguém. Vem e vai embora quando quer.

— Você a conhece bem?

— Nem tanto. Estive com ela apenas aquela vez. Não foi uma boa experiência.

— Que aconteceu?

— Fez-me sofrer. Ainda bem que depois de muito tempo consegui esquecê-la.

— Então, você não a recomendaria?

— Não digo isso, porque tenho pendência para revolver com ela. Ainda quero entendê-la melhor. Mas, se eu fosse você, não me meteria com ela.

— Por quê?

— No início, tudo são flores. É tudo muito intenso e lindo. Algum tempo depois, transforma-se! Nem parece ser ela mesma. Vai ficando sem graça, como se fosse um fogo que vai se apagando. Se você não tiver o suporte do amor, você se lasca!

— Amor?

— Sim. O amor é um amor. Quando é verdadeiro você não precisa de mais nada. Nem da paixão! É algo perene, uma mornidão constante.

— Parece chato esse tal do amor, não?

— Alguns acham e o trocam pela paixão, mas depois se arrependem...

— E onde eu encontro o amor? Gostaria de conhecê-lo!

— Ah! Se eu soubesse, estaria com ele agora. Mas fique calmo, quando menos esperar ele vai bater em sua porta.

— Então já vou indo antes que a paixão me veja.