Onde se perdeu meu irmão? Parte 6

Ao chegar em casa, Augusto chama por Isabel, mas a irmã não responde.

Estranho, era para ela estar em casa a essa hora.

Vai até o quarto dela e encontra a garota encolhida na cama, imóvel, mas não estava dormindo, e sim como se tivesse passado por uma experiência terrível. Augusto logo se aproxima para saber o que aconteceu.

Por que está assim? Aconteceu algo na escola?

Eu acordei agora pouco. Tive um sonho com a mamãe, muito estranho. Tinha a ver com você.

Como foi isso?

Deixa pra lá. Não lembro muito bem agora.

Vamos, tenta lembrar. Você me deixou curioso agora.

Já disse que não lembro tudo – respondeu a irmã de forma definitiva.

Tudo bem. O que você quer comer?

Você vai preparar algo?

Sim.

Quero a sua especialidade.

Ok. Mas teremos que ir ao mercado antes comprar os ingredientes.

Preciso ir junto?

Bom, foi você quem escolheu.

Tá...vamo lá.

A especialidade de Augusto era um sanduíche italiano, mas sem rúcula para Isabel, ela não suportava.

No mercado, os dois se dividiram para procurar tudo e combinaram um local específico para se encontrarem ao final. Isabel já tinha encontrado quase tudo, quando percebe uma mulher no mercado e sabe que já a viu em algum lugar, mas sem conseguir lembrar por completo. No caixa rápido, com Augusto, esforçou-se ao máximo para lembrar quem era a tal, mas nada. No caminho para o carro viu a mesma mulher entrando no seu, e nessa hora a reconheceu. A misteriosa mulher estava no sonho que tivera há pouco. Tal lembrança foi o suficiente para fazer com que Isabel ficasse completamente calada na volta do mercado.

Já dentro de casa, Isabel avisou que iria tomar banho, enquanto Augusto preparava os sanduíches.

Quarentas minutos depois, Isabel ainda não tinha saído do banho. Augusto percebeu e foi bater na porta do banheiro.

Vamos Isabel. Você não demora tanto assim. O sanduíche está pronto, esperando.

Já vou, estou secando o cabelo.

Na mesa, Augusto observa Isabel comendo sem ânimo.

Ei, é o seu favorito, sem rúcula.

Eu sei – respondeu a irmã, e continuou comendo.

Ok. Você tem que me dizer o que está acontecendo. Voltou toda calada do mercado. Demorou mais do que costuma no banho. Você não é assim. Algo está bem errado.

Não fala assim comigo nessa semana. Olha tudo que está acontecendo mano.

Por mais que a mãe tenha morrido nós temos que tocar a vida. Ela não gostaria de nos ver nesse estado. Eu sou seu irmão, nós não escondemos nada um do outro.

Não posso te contar. Você vai me achar louca.

Tá bom. Vou tentar esquecer que você teve esse sonho. Agora, termina o sanduíche.

Pelo menos amanhã é sexta – disse Isabel.

Quase esqueci. No sábado vou a um café com uma colega de trabalho. Ela insistiu, mas vou deixar dinheiro para você comprar comida.

Aquela que gosta muito de você?

É. Se ela insistir demais, terei que abrir o jogo.

O que você já deveria ter feito há muito tempo né. Oras, se ela gosta mesmo de você, vai ficar chateada, mas vai aceitar depois.

Por que não consigo pensar nessas coisas antes?

Porque você fica preocupado DEMAIS com o julgamento dos outros. Se você ainda estivesse com o Fábio, estaria melhor. Ele cuida bem de você. Aliás, por que você terminou com ele?

Não estava dando mais certo pra mim.

Por...?

É muito complicado explicar.

Pelo jeito não sou só eu quem quer esconder detalhes – terminou Isabel, que foi para o quarto logo em seguida.

Farah
Enviado por Farah em 21/06/2012
Código do texto: T3736707
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